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Esquerda perde metade das capitais do Nordeste; direita domina as do Centro-Oeste

Bruno XavierCristina Sano / FOLHA DE SP

 

Com os resultados do segundo turno das eleições municipais de 2024, as capitais de estado do país foram dominadas por prefeitos ao centro e à direita do espectro político. Dos 26 gestores eleitos no primeiro e segundo turno, 15 são de centro, nove de direita e apenas dois de esquerda, segundo o alinhamento do GPS ideológico da Folha

 

Na região Nordeste, 6 das 9 capitais foram vencidas por candidatos de direita, uma pelo centro e duas pela esquerda. Na eleição de 2020, a direita conquistou havia três, o centro, duas, e a esquerda, quatro.

Esse é o pior resultado dos partidos do campo político do presidente Lula (PT) na região desde a redemocratização, em 1985.

Além do avanço no Nordeste, a direita conquistou todas as capitais da região Centro-Oeste. No Sul e no Sudeste, 6 das 7 serão governadas por partidos de centro: quatro pelo PSD (Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba e Florianópolis) e duas pelo MDB (São Paulo e Porto Alegre).

 

Número de prefeitos reeleitos é o maior dos últimos 20 anos

Daniel MarianiVitor Antonio / FOLHA DE SP

 

O número de prefeitos reeleitos no Brasil em 2024 é o maior dos últimos 20 anos. Ao menos 80% dos candidatos mantiveram suas posições no Executivo municipal, representando 2.571 cidades no país, de acordo com análise da Folha a partir de dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Antes de 2024, o último recorde de reeleições havia sido em 2008, quando 65% dos candidatos se reelegeram, totalizando 2.385 prefeituras.

Considerando partidos robustos, com mais de cem políticos concorrendo à reeleição, o Republicanos registrou a maior taxa, com 86% de reeleitos (203 de 235 prefeituras disputadas). Um destaque é Vitória (ES), com reeleição de Lorenzo Pazolini no primeiro turno. É a única capital comandada pela sigla.

Já entre legendas com menos de cem prefeitos concorrendo à reeleição, Cidadania e PC do B lideraram a taxa de êxito, com 89% (17 de 19 municípios) e 86% (13 de 15 prefeituras), respectivamente.

Os estados com maior taxa de reeleição são Amapá e Roraima, que reelegeram 100% dos prefeitos que tentaram um novo mandato. O número de concorrentes, entretanto, era baixo: 9 no primeiro e 10 no segundo estado.

Dr Furlan (MDB), prefeito da capital Macapá, foi reeleito com a maior vitória dentre as capitais, chegando a 85% dos votos válidos.

Já ao considerar estados com mais de cem postulantes concorrendo à reeleição, a Paraíba apresentou o melhor aproveitamento, de 93% (108 de 115 prefeituras), maior percentual dos últimos 20 anos.

O prefeito da capital João Pessoa, Cícero Lucena (PP), foi reeleito no segundo turno com 63,91% dos votos frente ao concorrente Marcelo Queiroga (PL).

Historicamente, a Paraíba se destaca pela reeleição, com uma média de 71%. Desde o início da série histórica, o estado nunca deixou de reeleger ao menos 62% de seus prefeitos.

São Paulo só atingiu essa marca duas vezes, em 2008, com 70% de reeleitos, e neste ano, seguindo a tendência nacional, com 72%.

Na capital paulista, Ricardo Nunes (MDB) foi reconduzido ao cargo com 59,35% dos votos, contra 40,65% de Guilherme Boulos (PSOL).

Considerando o primeiro e o segundo turno de 26 capitais brasileiras, 16 delas mantiveram os mesmos candidatos de 2020.

O Nordeste concentrou a maioria das reeleições, com as vitórias de João Campos (PSB) no Recife, Bruno Reis (União Brasil) em Salvador, JHC (PL) em Maceió e Eduardo Braide (PSD) em São Luís.

Nas demais regiões, foram reeleitos Eduardo Paes (PSD) no Rio de Janeiro, Topázio Neto (PSD) em Florianópolis, Lorenzo Pazolini (Republicanos) em Vitória, Tião Bocalom (PL) em Rio Branco e Arthur Henrique (MDB) em Boa Vista.

Os homens apresentam uma taxa de reeleição maior do que as mulheres. Em 2024, eles garantiram 81% das prefeituras com disputa de reeleição, mantendo-se em 2.231 municípios. Já as mulheres alcançaram um recorde de 76%, com 340 prefeitas reconduzidas ao cargo.

Pessoas pretas, amarelas e indígenas são menos reeleitas nas prefeituras. Pessoas brancas mantêm o maior número de cargos, embora não tenham nestas eleições o maior percentual. Dos 2.105 prefeitos brancos que tentaram renovar seus mandatos, 78% tiveram sucesso. Pretos registraram o maior percentual de reeleição entre todos os grupos (87%), garantindo 67 das 77 prefeituras em disputa.

Já entre os candidatos pardos, a taxa de reeleição foi de 84% (840 das 1.000 prefeituras disputadas). Indígenas e amarelos, com menor representação, reelegeram 6 dos 7 e 5 dos 6 prefeitos, respectivamente.

 

PL avança ao conquistar quatro capitais; MDB comandará maior população

Por Dimitrius Dantas — Brasília / O GLOBO

 

Os dois partidos com o maior número de prefeituras no Brasil, PSD e MDB, vão comandar também o maior número de capitais. Com a definição dos resultados em todas as capitais com segundo turno, as duas siglas elegeram, cada uma, cinco prefeitos em capitais. O PL, partido de Jair Bolsonaro, foi o que mais cresceu: o partido que não elegeu nenhum prefeito agora comandará quatro capitais: Rio Branco, Maceió, Aracaju e Cuiabá. É a primeira vez que a legenda comandará tantas capitais.

 

Apesar do mesmo número de prefeituras, o MDB tem a vantagem da vitória em um dos cargos mais cobiçados, a Prefeitura de São Paulo, que possui um orçamento equivalente a de todo o estado do Rio de Janeiro e também a maior população, com 11 milhões de habitantes.

 

O PL, entretanto, foi derrotado em Fortaleza, 4ª maior capital do Brasil, para o PT, partido de Lula, em uma eleição acirrada que só foi definida no final da apuração, com vitória de Evandro Leitão, o único prefeito petista no Brasil em capitais. Em 2020, o PT não teve prefeitos em capitais.

 

Para o cientista política e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Marco Antônio Teixeira, o crescimento do PSD de 2020 para 2024, além do fato da sigla ter se tornado o partido com o maior número de prefeituras, torna a situação da sigla mais consistente que a do MDB.

 

— O resultado do PSD me parece mais sólido e como parte de um projeto do partido que tem a liderança do Gilberto Kassab. No caso do MDB, há mais lideranças estaduais, como os Calheiros em Alagoas. Não dá para dizer que é um partido com a mesma coesão — avalia o cientista político.

 

No caso do PL, Teixeira afirmou que as vitórias são importantes para colocar o partido como uma das principais siglas nas capitais, mas destacou que nenhuma das quatro capitais que serão comandadas pela sigla está entre as maiores do Brasil. A maior vitória do PL foi em Maceió, 14ª capital em habitantes.

 

Como comparação, as quatros capitais do PL, somadas, tem 2,6 milhões de habitantes, enquanto Fortaleza, a única capital que será comandada pelo PT, tem 2,5 milhões de habitantes. — A última vez que o PT elegeu um prefeito de capital foi em 2016 então, bem ou mal, é um retorno do partido. Mas, nacionalmente, o que a eleição deixou claro é que, hoje, nenhum projeto de prefeitura do PT passa pelo Sul e Sudeste — disse.

 

 

No embate Lula X Bolsonaro, ambos mais perderam do que ganharam, mas PL bate o PT

Fabio Victor / FOLHA DE SP

 

Um dos embates mais esperados desta eleição, em particular do segundo turno, terminou sem vencedor: no Lula versus Bolsonaro, ambos mais perderam que ganharam, e cada um terá de se contentar com prêmios de consolação. No confronto entre partidos, o PL teve mais êxitos e sai mais fortalecido que o PT.

Entre as muitas derrotas para Lula, há que destacar a de Guilherme Boulos (PSOL) em São Paulo, com a vantagem acima do esperado imposta por Ricardo Nunes.

Vale menção ao avanço da direita bolsonarista em capitais do Nordeste, principal reduto lulopetista. Fortaleza concentra um paradoxo, pois foi na capital cearense –a mais populosa da região– que o PT obteve sua única vitória, com Evandro Leitão, exatamente o contraponto positivo em meio a tantos reveses. Com o resultado, o partido volta a eleger um prefeito de capital após oito anos.

Se levarmos em conta, entretanto, que um candidato do chamado bolsonarismo raiz como André Fernandes (PL) esteve muito perto da vitória numa cidade há décadas administrada pela esquerda –num revezamento entre o PT e o PDT–, a vitória vem com um gosto algo amargo e deverá ter reflexos para o intrincado racha na coalizão estadual da esquerda cearense.

Aracaju, outro bastião esquerdista governado num passado recente apenas pela esquerda, também mudou a chave, com a vitória de Emilia Correa (PL),

Das nove capitais, além de Fortaleza, o PT só esteve na coligação vitoriosa em mais uma, o Recife, com João Campos (PSB). Perdeu, sozinho ou coligado, nas outras sete.

É verdade que o PT aumentou seu número de prefeituras, e o Nordeste teve peso considerável nesse crescimento, que se deu, porém, em cidades pequenas e médias. O predomínio da direita e centro-direita e a expansão do bolsonarismo nos grandes centros do Nordeste são más notícias a serem trabalhadas no divã lulopetista.

Do lado de Bolsonaro, considerando as principais apostas do ex-presidente, as derrotas suplantaram com folga as vitórias. O segundo turno confirmou a ampliação da vitória do campo conservador em relação à eleição municipal de 2020 –aí incluídos centro-direita, direita democrática, centro fisiológico ou direita radical.

Mas, dentro desse amplo arco, podem comemorar o PSD de Kassab –que conquistou o maior número de prefeituras–, o MDB, o União Brasil e outras siglas do centrão ou da chamada direita democrática. E também o PL de Bolsonaro, partido que mais elegeu prefeitos em cidades com mais de 200 mil eleitores –16, seguido pelo PSD, com 15.

Ocorre que Bolsonaro perdeu algumas das campanhas a que mais se dedicou. No segundo turno, das nove capitais que disputava, o PL só ganhou duas –Aracaju, com Emilia Correa, e Cuiabá, com Abílio Brunini. Outra candidata bolsonarista venceu, Adriane Lopes, mas de outro partido, o PP.

As derrotas de Fred Rodrigues em Goiânia e Bruno Engler em Belo Horizonte, campanhas em que Bolsonaro se envolveu de corpo e alma, mostram que seu apoio perdeu punch. Em menor escala, isso vale para os derrotados Cristina Graeml em Curitiba (a candidata do coração do bolsonarismo), Marcelo Queiroga em João Pessoa, Delegado Éder Mauro em Belém e Capitão Alberto Neto em Manaus.

E as vitórias de Ricardo Nunes em São Paulo, Sebastião Melo em Porto Alegre e Eduardo Pimentel em Curitiba –cujos vices são do PL– não podem ser creditadas a Bolsonaro, talvez até muito pelo contrário.

Some-se a isso que as três principais lideranças da direita com pretensões nacionais em 2026 ou além –os governadores Tarcísio de Freitas (São Paulo), Ronaldo Caiado (Goiás) e Ratinho Jr (Paraná)– saem fortalecidas, e nenhuma delas precisou de Bolsonaro. Caiado até trombou com ele.

Por fim, é importante registrar que nem os candidatos mais radicais contestaram as urnas eletrônicas e o país voltou a ter eleições em que os partidários dos candidatos derrotados não foram para frente de quartéis pedir que militares revertessem os resultados.

E isso é também uma derrota de Bolsonaro.

 

Eleições 2024 em Caucaia: Naumi Amorim é eleito novo prefeito

Escrito por Luana Severo  / DIARIONORDESTE

 

 

Com 60,84% dos votos válidos, em 97,37% das urnas apuradas, Naumi Amorim (PSD) é eleito o novo prefeito de Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza, neste domingo (27).  O político volta ao comando do Executivo municipal após quatro anos fora. Ele foi prefeito de Caucaia entre 2017 e 2020, mas perdeu a reeleição, à época, para o atual prefeito do município, Vitor Valim (PSB).

 

Nascido em Tauá e criado em Parambu, no Sertão dos Inhamuns, Naumi é empresário e deputado federal, mas também já cumpriu mandato parlamentar na Assembleia Legislativa do Ceará (Alece).  Ele é casado com a ex-deputada estadual Érika Amorim, atual coordenadora do PSD Mulher no diretório estadual, com quem tem três filhos: Lamartine, Lucas e Vitória. No entanto, tem, também, outros quatro filhos frutos de relacionamentos anteriores.

 

Principais propostas

Dentre as principais propostas do prefeito eleito para a Saúde, estão a construção de um hospital infantil e de outro para atendimento adulto com atendimento de urgência e emergência. 

 

Ele também prometeu destinar 100% do Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) recolhido pelo Município para a saúde municipal e criar um centro de referência para cuidado de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Já para a Guarda Municipal, o político se comprometeu a armar a equipe, criar uma patrulha municipal motorizada e outra específica para o combate à violência contra a mulher, chamada "Ronda Maria da Penha".

 

Na área da Infraestrutura, ele pretende recuperar a Lagoa do Tabapuá, construir novas praças públicas e restaurar calçadões. Já na Educação, ele garante ampliar e reformar escolas, ampliar o número de cuidadores da educação especial, criar escolinhas esportivas nas unidades educacionais e um cursinho preparatório para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

 

Quem é a nova vice-prefeita de Caucaia

 

Priscila Menezes, do MDB, é a nova vice-prefeita de Caucaia. Nascida na cidade, Priscila tem 34 anos e é formada em Direito, mas, atualmente, cursa Fonoaudiologia. Ela é filha do atual presidente da Câmara de Vereadores da cidade, Dr. Tanilo (PDT), e da servidora pública Serginete.

 

A vice já foi eleita vereadora de Caucaia em 2016, pelo PRP, e atuou, principalmente, com pautas relacionadas à capacitação e inclusão de jovens no mercado de trabalho. Antes disso, em 2012, ela pleiteou vaga na Casa Legislativa pelo PSC.

 

Quem é a nova primeira-dama de Caucaia

Érika Amorim (PSD) volta a ser a primeira-dama de Caucaia. Ela retoma o posto após o marido, Naumi Amorim (PSD), conquistar o cargo de prefeito da cidade neste domingo (27) — segundo turno das eleições municipais. A primeira-dama é formada em Administração de Empresas pelo Centro Universitário 7 de Setembro e tem mestrado em Ciência Política.

 

Ela já foi deputada estadual, eleita em 2018, e disputou eleições para senadora da República em 2022, mas perdeu o pleito para o ex-governador do Ceará e atual ministro da Educação, Camilo Santana (PT). Érika nasceu em Fortaleza, mas morou em Parambu, no interior do Estado, e no Rio Grande do Sul. É casada com Naumi há mais de 20 anos e já trabalhou com o marido na gestão pública, ocupado o cargo de secretária municipal de Governo e Articulação Política.

 

Além disso, esteve à frente da força-tarefa do município para recuperar o Selo Unicef. Nas redes sociais, ela se apresenta como esposa do prefeito eleito, coordenadora do PSD Mulher no Ceará, cristã e mãe de três.

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