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Ministros do STF temem ser alvo de punições financeiras com base na Lei Magnitsky; leia bastidor

Por Carolina Brígido / O ESTADÃO DE SP

 

 

BRASÍLIA — Depois que o ministro Alexandre de Moraes decretou a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro, no último dia 4, aumentou a preocupação de integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF). Na Corte, a avaliação é que outros ministros devem se tornar os próximos alvos de punições financeiras aplicadas pelos EUA com base na Lei Magnitsky.

 

Uma das sanções vislumbradas é a proibição de realizar operações financeiras com empresas sediadas nos EUA. Isso poderia afetar, em tese, o hábito de alguns ministros de proferir palestras em eventos. Se o patrocinador tiver sede nos EUA, não seria possível contratar um ministro do Supremo, no caso de aplicação dessa punição.

 

Como mostrou o Estadão em setembro de 2024, o mercado de palestras rende cachês de até R$ 50 mil/hora para ministros do Supremo, STJ e TST.NAté agora, as sanções financeiras foram aplicadas apenas a Alexandre de Moraes. No entanto, ele informou a interlocutores que não tem contrato com empresa estrangeira. Também não teria aplicações financeiras ou imóveis nos EUA.

 

Ministros do STF não podem exercer outra atividade remunerada que não seja o magistério. Alguns integrantes da Corte dão aulas em universidades públicas ou privadas. Palestras remuneradas são consideradas atividade de magistério — portanto, eles têm autorização para receber pagamentos dessa natureza.

 

Outra sanção aguardada é a proibição de não apenas ministros visitarem os EUA, mas familiares próximos. Até agora, oito dos onze ministros do Supremo perderam o visto para visitar o país de Donald Trump. Não houve notificação formal desta punição.

 

O presidente do Supremo, ministro Luís Roberto Barroso, aconselhou o filho, Bernardo Barroso, executivo do banco BTG Pactual, a não retornar aos EUA, onde mora, para evitar ser barrado na entrada. Barroso está entre os ministros proibidos de pisar no país. Quando a sanção foi anunciada, o filho dele estava de férias na Europa.

 

No STF, também se discute nos bastidores a chance de haver novas sanções dos EUA contra outras autoridades brasileiras. Uma possibilidade seria a suspensão dos vistos de todas as autoridades, deixando apenas o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o vice, Geraldo Alckmin, com autorização para entrar nos EUA. Nesse caso, não apenas a relação com o Judiciário com os EUA ficaria comprometida, mas haveria também uma crise ainda maior na diplomacia entre os dois países.

Fux e Mendonça seguram julgamentos que devem impor derrotas a Bolsonaro

Por Carolina Brígido / O ESTADÃO DE SP

 

 

BRASÍLIA - Dois ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) que se notabilizaram por decisões e votos recentes a favor de Jair Bolsonaro guardam em seus gabinetes processos que, em tese, poderiam beneficiar o ex-presidente. Por questões técnicas, Luiz Fux e André Mendonça devem negar os pedidos. No entanto, em vez de tomarem logo a decisão, optam por segurar os processos indefinidamente.

 

A atitude de não julgar em vez de negar os pedidos de imediato pode ser interpretada como apoio a Bolsonaro. São situações em que não decidir transmite uma mensagem importante. Nos dois casos, não há data prevista para julgamento.

 

Inelegibilidade

 

Está no gabinete de Fux há mais de um ano o recurso da defesa do ex-presidente que contesta a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de tornar Bolsonaro inelegível. O caso não tem chance de prosperar. Em caráter reservado, ministros do STF avaliam que não há caminho jurídico possível para reverter a situação do ex-presidente a tempo para as eleições de 2026.

 

O recurso chegou ao tribunal em dezembro de 2023 e foi sorteado para a relatoria de Cristiano Zanin. Ele se declarou impedido para analisar o caso porque, quando era advogado, pediu a inelegibilidade de Bolsonaro ao TSE. Em novo sorteio, o recurso foi parar no gabinete de Fux, onde permanece desde maio do ano passado.

 

A interlocutores, Fux diz que o processo aguarda ser analisado em uma fila no gabinete. Para ele, não haveria motivo de passar à frente o caso de Bolsonaro. A pessoas próximas, o ministro diz que deve negar o pedido.

 

Se isso acontecer, a defesa pode propor um agravo, um tipo de recurso que costuma ser levado a julgamento na turma que o relator integra - no caso, a Primeira Turma, que tem tomado decisões contrárias aos interesses de Bolsonaro no processo sobre a trama golpista. No caso da inelegibilidade, o ex-presidente não teria sorte melhor.

 

Fux também poderia levar um eventual agravo ao plenário, com a presença dos onze ministros. Nesse cenário, o mais provável também seria que a maioria confirmasse a decisão do TSE.

 

A Corte Eleitoral condenou Bolsonaro por irregularidades cometidas na campanha de 2022. O então presidente da República usou uma reunião com embaixadores no Palácio da Alvorada para difundir mensagens falsas sobre o sistema eleitoral brasileiro.

 

Ainda que o STF revertesse a inelegibilidade, há outra decisão do TSE que impede Bolsonaro de se candidatar em 2026. Além disso, o ex-presidente deve ficar novamente inelegível se for condenado no processo sobre a trama golpista. A Lei da Ficha Limpa impede que condenados em ações penais figurem na urna eletrônica.

 

Trama golpista

Em julho, chegou ao gabinete de André Mendonça um pedido feito pela defesa de Filipe Martins, ex-assessor de Bolsonaro, para que sejam suspensas as investigações sobre a tentativa de golpe de Estado. Assim como Bolsonaro, Martins também é réu em uma ação penal que investiga o planejamento de um golpe de Estado.

 

O advogado de Martins, Jeffrey Chiquini, alegou que o relator, ministro Alexandre de Moraes, conduz as investigações de forma irregular. Entre os problemas apontados, teria havido cerceamento da defesa, porque foram vetados depoimentos de testemunhas indicadas por Martins – entre elas, Eduardo e Carlos Bolsonaro, filhos do ex-presidente.

 

Quando o mandado de segurança de Chiquini foi sorteado para a relatoria de Mendonça, o advogado comemorou com uma postagem no X. Como Mendonça foi indicado por Bolsonaro ao STF, o advogado supôs que seria vitorioso na causa.

 

“Hoje é um grande dia. Podemos ter a primeira vitória contra a farsa da ´Trama Golpista´. O ministro André Mendonça tem a chance de mudar o curso do futuro do Brasil. Provavelmente, será a única oportunidade que ele terá de honrar o compromisso que assumiu com a nação: defender a Constituição e a correta aplicação da lei”, postou o advogado.

 

A interlocutores, Mendonça ponderou que deve negar o pedido por questões processuais, sem ao menos examinar o mérito. Isso porque a defesa deveria ter ajuizado um recurso à Primeira Turma, o foro indicado para julgar a tentativa de golpe, e não entrado com um mandado de segurança.

 

Nos julgamentos sobre a trama golpista, tanto Fux quanto Mendonça deram votos favoráveis a Bolsonaro e aliados do ex-presidente. Mendonça participou de votações de processos contra acusados dos atentados do 8 de janeiro de 2023 quando as ações penais ainda eram analisadas em plenário. Na Primeira Turma, Fux participa dos julgamentos da ação que tem Bolsonaro como réu.

 

BOLSONARO

Carmelo Neto pede autorização a Moraes para visitar Bolsonaro na prisão domiciliar

Escrito por Wagner Mendes / DIARIONORDESTE
 
 
O deputado estadual Carmelo Neto (PL) pediu autorização ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para visitar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A solicitação foi registrada na última quinta-feira (7). Ainda não houve decisão sobre a demanda do parlamentar cearense. Aliados do ex-presidente têm feito pedidos à Suprema Corte para permissão de visitas na residência.
 

O ex-mandatário está preso em domicílio desde o dia 4 de agosto, após decisão de Moraes. Bolsonaro é investigado por suposta participação na tentativa de golpe de estado no dia 8 de janeiro de 2023.

Deputados, empresários e familiares conseguiram autorização da Justiça para visitar o ex-presidente com datas pré-agendadas. 

 

OBS: E QUANDO OS ELEITORES DE BOLSONARO SOLICITAREM PERMISSÃO AO DR. ALEXANDRE DE MORAES COMO VAI FICAR? SERÁ UM CAOS?

Moraes e STF reproduzem Lava Jato sem reação de garantistas, diz presidente da OAB-PR

Leonardo Rodrigues / ISTOÉ

 

 

Na mesma semana, o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), determinou a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro (PL) pelo descumprimento de uma medida cautelar e negou a soltura do general Walter Braga Netto (PL), preso preventivamente há mais de oito meses. Ambos são réus por suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.

 

Enquanto o ex-presidente falou por telefone com o filho, o senador Flávio (PL-RJ), a esposa, a ex-primeira-dama Michelle (PL), e o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), em ligações exibidas e reproduzidas nas redes sociais em atos contra o Supremo no domingo, 3, contrariando a proibição de usar terceiros para publicar manifestações, o general foi preso por tentar obstruir as investigações da Polícia Federal sobre a trama golpista, que já foram concluídas.

 

Para Luiz Fernando Pereira, presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) do Paraná, a corte desrespeitou o devido processo legal em decisões recentes e reproduz práticas da Operação Lava Jato que levaram dezenas de condenações a serem anuladas, incluindo as do presidente Lula (PT), sem a mesma reação por parte dos garantistas. O cenário levou a OAB a reunir alguns dos principais penalistas do país para discutir os excessos em um congresso em Curitiba.

Nesta entrevista à IstoÉ, Pereira afirmou que manifestações de Moraes têm comprometido a imparcialidade do julgamento dos acusados de golpe e lembrou que as condutas da Lava Jato também foram referendadas pelo STF inicialmente, em um “mau presságio” para o cenário atual.

 

Leia a íntegra

IstoÉ O que motivou a OAB do Paraná a promover uma discussão sobre a atuação do Supremo neste momento?

Pereira A necessidade de analisar tudo que vem acontecendo no tribunal, sobretudo em matéria penal, comparar com o que ocorreu na Lava Jato, e identificar se há ou não pontos de contato.

A operação não atendeu ao devido processo legal, o que redundou na anulação dos processos, e nós queremos nos perguntar se os erros [atuais] do tribunal são uma reprodução daquilo que aconteceu justamente aqui, em Curitiba [cidade que concentrou as investigações e julgamentos da força-tarefa, sob o então juiz Sergio Moro].

 

IstoÉ A prisão domiciliar de Bolsonaro e a extensão da prisão preventiva de Braga Netto fazem parte desses ‘erros’?

Pereira No mínimo, essas decisões justificam questionamento. Se você recuperar o que diziam os garantistas sobre as prisões preventivas alongadas da Lava Jato, você vai ver que não tem nenhuma crítica lá que não se aplique aqui. Não obstante, há um silêncio dessa turma. Era um garantismo seletivo.

Veja o caso do Braga Netto, a instrução está encerrada. [A prisão] era para obstruir a instrução. Se a instrução está encerrada, ele não tem como obstruir o que acabou. O Sergio Moro [hoje senador pelo União Brasil do Paraná], na Lava Jato, fazia exatamente a mesma coisa. Na época, diziam que era para forçar delação, que as prisões preventivas não deveriam continuar. E agora?

 

Esse questionamento não é uma defesa ou minimização do que houve no 8 de janeiro [quando as sedes dos Três Poderes foram invadidas e depredadas por bolsonaristas]. Os culpados devem pagar de forma rigorosa, porque a democracia estava em jogo. Mas o processo legal não pode ser mitigado pela natureza do crime; é exatamente nos casos de alta complexidade que o devido processo legal deve ser ainda mais preservado e respeitado.

 

IstoÉ No período da Lava Jato, analistas interpretavam que a operação aderiu a um discurso público pelo fim da impunidade ao crime de corrupção. No contexto atual, o discurso do STF é de que aqueles que atentaram contra o Estado Democrático de Direito não podem ficar impunes? Esse propósito justifica que ritos sejam atropelados?

Pereira Nunca se deve atropelar o rito de um processo, independentemente da gravidade do crime. Não há ninguém no direito que defensa isso, então essa mitigação é sempre disfarçada. Ninguém vai ao plenário e diz: vamos julgar esse sujeito com menos respeito ao devido processo legal porque o crime dele é grave. Aliás, só quem pode dizer se houve crime ou não é o processo. E o processo só poderá dizê-lo se correr legalmente.

 

O Supremo poderá dizer que os réus cometeram crimes ao final do processo. Se os ministros disserem [que houve crime] antes, como o ministro Alexandre parece fazer em algumas manifestações, a imparcialidade do julgamento fica comprometida. As respostas duras devem seguir o script do ‘Mensalão’, em que todos os condenados foram respeitados no processo e, ao final, presos. Não vivemos esse padrão atualmente.

 

IstoÉ O STF está criando margem para a anulação de processos no caso da trama golpista?

 

Pereira O Brasil é desafiador para aqueles que se pretendem videntes, mas fato é que tudo que a Lava Jato fez foi inicialmente referendado pelo TRF [Tribunal Regional Federal], pelo STJ [Superior Tribunal de Justiça] e pelo STF, sob a relatoria do ministro Teori Zavascki [morto em 2017], com raros reparos. Pouco tempo depois, este mesmo Supremo afirmou que tudo foi feito de forma equivocada e anulou a maioria das decisões. Portanto, há um mau presságio, e o colegiado passou recentemente a demonstrar fissuras. Pode ser um prenúncio de uma virada muito ruim, porque ninguém deve desejar a anulação de processos contra aqueles que cometeram crimes tão graves contra a democracia.

“Tudo que a Lava Jato fez foi inicialmente referendado pelo STF”

IstoÉ O senhor mencionou uma ‘falta de reação’ dos garantistas às decisões mais recentes. A divergência aberta pelo ministro Luiz Fux pode ser considerada uma resposta?

Pereira Fux é um excelente ministro, mas é curioso notar que ele pertencia ao rol dos não garantistas na Lava Jato. Não estou dizendo que ele estava errado lá, nem que esteja errado aqui, mas é preciso que a sociedade seja um observatório da coerência de interpretação do Supremo, ou o direito vira vontade.

Existe ainda um garantismo ideológico, como se a defesa da democracia fosse um salvo-conduto para atropelar o devido processo legal — a garantia da lei aos meus amigos, e o ‘vale tudo’ contra os meus inimigos. Quando os garantistas revelam incoerência e defendem diferentes paradigmas do processo, não são garantistas, mas torcedores.

“Fux pertencia ao rol dos não garantistas do Supremo”

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Luiz Fux, ministro do STF: na Primeira Turma, foi o único a votar contra aplicação de medidas cautelares a Bolsonaro

IstoÉ O governo dos EUA protagonizou uma interferência inédita no Judiciário brasileiro ao revogar os vistos de ministros do STF e enquadrar Moraes na Lei Magnitsky sob a justificativa de que uma “caça às bruxas” é promovida contra Bolsonaro no país. Como o senhor encarou esse episódio?

Pereira É uma excrescência diplomática. É inaceitável que um Estado estrangeiro imponha taxas e submeta a redução à mudança de comportamento de um tribunal de um país independente, como é o Brasil.

Não há democracia sem Corte Constitucional independente, e não é à toa que elas são as primeiras vítimas do populismo tirânico, como ocorreu da Venezuela à Hungria, em regimes da esquerda à direita. Por isso, é dever institucional defender o Supremo, o que não significa dar salvo-conduto para que ele atue como quiser ou que assuma um papel exageradamente relevante na política brasileira, como assumiu.

 

 

STF aprova orçamento de R$ 1 bilhão para a Corte em 2026

Por Fellipe Gualberto / o estadão de sp

 

 

Por unanimidade, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) aprovaram nesta quinta-feira, 7, um orçamento de R$ 1,047 bilhão para a Corte em 2026. Ainda é necessário que o valor seja aprovado pelo Executivo, por meio da Secretaria de Orçamento e Finanças do Ministério do Planejamento, e pelo Congresso Nacional, que avaliará o orçamento de 2026.

 

As despesas obrigatórias e discricionárias da Corte - que incluem pessoal e custeio - somam R$ 987,9 milhões, deste valor, a maior parte dos gastos são direcionados ao pagamento de pessoal: R$ 678 milhões. No próximo ano, o Tribunal gastará 9,78% a mais que 2025, quando o orçamento foi de R$ 953 milhões.

 

O ministro Luís Roberto Barroso, que preside a Corte, manifestou preocupação com os gastos relativos aos funcionários. “Ainda que se trate de despesa essencial ao Poder Judiciário, é inevitável abordar a preocupação com a pressão que as despesas com servidores e terceirizados exercem sobre os demais custeios”, afirmou.

Os dispêndios com segurança, por sua vez, serão de R$ 72 milhões. Há cinco anos atrás, o Tribunal gastava apenas R$ 40 milhões com essa despesa. Barroso escreveu que o gasto com segurança “é uma despesa que tem causas externas ao tribunal. Vem do aumento das hostilidades ao Supremo Tribunal Federal, que são fato público e notório”.

 

O ministro ainda disse que “o risco à segurança aumentou a necessidade de investir em infraestrutura, tecnologia e equipamentos e aumento de pessoal (servidores e terceirizados), com severo impacto no orçamento, mas inevitável”.

 

Tribunal Superior do Trabalho constrói sala VIP em aeroporto por R$ 1,5 mi e prevê regalias

Raphael Di Cunto / FOLHA DE SP

 

 

TST (Tribunal Superior do Trabalho) gastará mais de R$ 1,5 milhão em dois anos para construir e manter uma sala VIP no aeroporto de Brasília exclusiva para seus 27 ministros, com direito a acompanhamento pessoal por funcionários do aeroporto e um carro privativo para deslocamento até o avião.

O objetivo, diz o tribunal, é resguardar a segurança dos ministros e evitar a "aproximação de pessoas inconvenientes".

"A forma como eram realizados os embarques e desembarques aéreos das autoridades propiciava a aproximação de indivíduos mal-intencionados ou inconvenientes, o que aumentava significativamente os riscos evitáveis para essas autoridades", justificou o TST em nota.

De acordo com o contrato, o espaço será "destinado, única e exclusivamente, ao apoio nos processos de embarque das autoridades do Tribunal Superior do Trabalho" no aeroporto. O acordo é válido por dois anos, até abril de 2027, mas pode ser renovado.

Os valores não incluem mobiliário, gastos com alimentação e com os funcionários que atenderão no local. O tribunal não informou os valores à reportagem, apenas disse que serão aproveitados "prioritariamente mobiliários" do TST e funcionários de contratos já existentes.

O espaço foi alugado por R$ 30 mil mensais, mais R$ 2.639,70 com rateio das despesas do aeroporto, segundo o contrato. O local terá 44 metros quadrados, piso de granito e paredes de gesso, com copa e banheiros exclusivos. A obra está em andamento, com previsão de ser concluída até meados de agosto, ao custo de R$ 85 mil.

Para construir a estrutura que atenderá os ministros, o TST contratou, sem licitação, a mesma empresa que fez as três salas VIP para o público privado do aeroporto de Brasília. O contrato impede explicitamente que essa empresa forneça informações sobre a obra. O tribunal alegou que a dispensa de licitação ocorreu pelo valor autorizado em lei, e que consultou três empresas.

A sala exclusiva do TST ficará ao lado de uma dessas salas VIP, no andar superior do aeroporto. Esses espaços são acessados por clientes com cartões de crédito específicos ou que paguem uma taxa de R$ 250 por pessoa. São locais maiores, com poltronas mais confortáveis, televisão, alimentação e bebida.

Além da sala VIP exclusiva, o tribunal contratou para os ministros algumas regalias, como acompanhamento por um funcionário do aeroporto –ao custo de R$ 284 por atendimento– e serviço de transporte exclusivo. O contrato estipula um mínimo de 50 atendimentos por mês. O benefício será válido inclusive para voos pessoais, sem finalidade profissional.

De acordo com o contrato, os ministros terão direito a um carro privativo, para que não tenham que compartilhar com os demais passageiros os ônibus que fazem o translado quando a aeronave não estiver na ponte. Também poderão ser levados diretamente para o avião, sem pegar a fila de embarque. O custo é de R$ 144 por deslocamento, pago com dinheiro público.

O TST afirmou, em nota, que "o projeto segue os mesmos moldes do STF e STJ", que possuem salas exclusivas para os ministros no aeroporto de Brasília com o argumento de garantir a segurança. "Tal preocupação se dá em razão da logística atual do terminal aeroportuário de Brasília, que possibilita risco à segurança dos ministros, principalmente por possível abordagem de terceiros, sendo conveniente sua minimização", disse.

O tribunal é órgão máximo da Justiça do Trabalho no Brasil, responsável por julgar recursos sobre questões trabalhistas e uniformizar a jurisprudência. A sede da instituição fica em Brasília.

A Inframérica, concessionária que administra o aeroporto de Brasília, se recusou a prestar informações à reportagem e respondeu que não comenta sobre contratos comerciais.

O STF (Supremo Tribunal Federal) foi o primeiro a adotar uma sala VIP para os integrantes do tribunal, em 2017, com o argumento de que os ministros se tornaram figuras públicas por causa dos julgamentos da Operação Lava Jato e era preciso resguardar a proteção. O espaço deles fica longe dos demais passageiros, e eles acessam os aviões diretamente, sem passar pelo portão.

O novo benefício se soma a outros dos ministros do TST, que têm recebido rendimentos acima do teto constitucional do funcionalismo público, de R$ 46,4 mil. Em dezembro, eles ganharam, em média, R$ 357 mil líquidos, já descontado o Imposto de Renda e encargos previdenciários, segundo dados do CNJ (Conselho Nacional de Justiça). O maior pagamento chegou a R$ 419 mil de uma vez naquele mês.

TST

Após PF descartar crime, Barroso encerra inquérito sobre campanha de Lula

Guilherme Amado - do PlatôBR / ISTOÉ

 

 

Luís Roberto Barroso mandou arquivar na segunda-feira, 4, uma investigação conduzida pela Polícia Federal sobre suposto crime de falsidade ideológica eleitoral na campanha de Lula em 2022. Aberto na primeira instância e enviado ao STF no mês passado, o inquérito apurava se a campanha do petista omitiu da prestação de contas à Justiça Eleitoral serviços supostamente prestados por uma agência de comunicação.

 

A decisão de Barroso seguiu a conclusão da delegada responsável pelo caso, noticiada pela coluna no último dia 26 de junho. Em relatório no final de maio, apresentado à Justiça Eleitoral em primeira instância, a delegada Lorena Lima Nascimento afirmou que a investigação não encontrou indícios de crime.

 

“À vista da manifestação da autoridade policial e ausente justa causa para a persecução penal, impõe-se o encerramento do feito”, afirmou o presidente do STF em seu despacho.

 

As suspeitas sobre a agência foram levadas inicialmente à PGR, em setembro de 2023, por 52 deputados da oposição. A representação criminal se baseou em uma reportagem do site “O Bastidor”, segundo a qual a Polo Marketing Digital teria prestado serviços à campanha de Lula, não informados na prestação de contas ao TSE. À época das eleições de 2022, essa agência tinha contrato com o PT para comunicação digital e criação de conteúdo.

 

A reportagem citou informações de ações trabalhistas movidas por dois ex-funcionários da Polo Marketing contra a agência e o PT. O conteúdo dos processos incluía mensagens de WhatsApp da dona da empresa, Clarisse Mello Chalreo, que sugeririam que a equipe da Polo havia trabalhado em conteúdos para a campanha de Lula. Um exemplo dessa atuação seria a elaboração de “cards” para o debate da CNN no segundo turno, que teria sido encomendada pela campanha.

 

No relatório final do inquérito, assinado em 29 de maio de 2025, no entanto, a delegada concluiu que os serviços foram prestados ao PT, e não à campanha de Lula. Ela afirmou no documento que os ex-funcionários da agência não disseram “em nenhum momento” nos processos trabalhistas terem atuado para a campanha, mas sim ao partido.

 

Ambos também prestaram depoimentos à PF, assim como Clarisse, a dona da empresa. Nas oitivas, eles relataram que os serviços foram prestados somente ao PT, que não trabalharam para a campanha de Lula e que o volume de demandas do partido à agência aumentou muito durante as eleições de 2022. “Concluímos inexistir, pelo contexto fático objeto de apuração, quaisquer indícios de prática do crime de falsidade ideológica eleitoral sugerido pela representação criminal”, escreveu a delegada.

 

Após a apresentação do relatório de Lorena Nascimento, o Ministério Público Eleitoral pediu que o inquérito fosse remetido ao STF. O promotor Paulo Roberto Binicheski apontou que o Supremo, foro do presidente da República, deveria ser informado sobre a investigação para decidir a respeito da competência sobre ela. Barroso, então, mandou o caso ao arquivo.

STJ reverte afastamento de prefeito rival de Helder no Pará

PAINEL / Editado por Fábio Zanini, espaço traz notícias e bastidores da política. Com Danielle Brant e Carlos Petrocilo / FOLHA DE SP

 

O ministro Og Fernandes, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), suspendeu nesta quarta-feira (6) decisão da Justiça do Pará que havia afastado o prefeito de Ananindeua, Dr. Daniel (PSB), rival do governador Helder Barbalho (MDB). 

 

Em liminar, o ministro declarou que foi "desproporcional" a decisão tomada pelo desembargador Pedro Sotero com base em investigações do Ministério Público estadual.

"Inexiste premência do afastamento do cargo, decorrente que é de eleição popular, revelando-se desproporcional a sua decretação, nada impedindo, decerto, o regular andamento das investigações", disse.

Pré-candidato ao governo do Pará no ano que vem, Daniel disse ao Painel na terça-feira (5) que a decisão da Justiça Local teve interferência de Helder, seu ex-aliado e atual desafeto político.

"É uma decisão arbitrária, tomada monocraticamente por um juiz ligado ao governo Helder. É mais um exemplo da ditadura dos Barbalho, que tem controle total sobre o Ministério Público e o Judiciário", afirmou, antes de recorrer.

PREFEITO DE ANANIDEUA NO PARÁ

Fraudes contra INSS envolvem roubo de dados, IA e até mortos; veja as principais

Cristiane Gercina / FOLHA DE SP

 

 

A investigação em torno dos descontos indevidos em benefícios previdenciários feitos por sindicatos e associações envolvendo mais de R$ 6 bilhões descontados da folha de pagamento do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) são apenas a ponta do iceberg de golpes contra a Previdência Social.

As atividades fraudulentas envolvem roubo de dados, IA (inteligência artificial), falsificação de documentos, uso e ocultação de cadáveres e até a boa-fé de aposentados e pensionistas, segundo o advogado Rômulo Saraiva, especializado em Previdência e colunista da Folha, que reuniu mais de 400 casos de golpes no livro "Fraudes no INSS - Casos Práticos de Vazamento de Dados, Engenharia Social e Impactos na Proteção Social".

Veja as principais fraudes contra o INSS

  • Idoso de aluguel ou dublê de perícia

  • Saque após o falecimento

  • Laudos médicos comprados

  • Golpe da cesta básica

  • Golpe da falsa portabilidade

  • Golpe da falsa prova de vida

  • Descontos indevidos de mensalidades associativas

  • Golpe do consignado

  • Golpe do casamento para fraudar pensão por morte

  • Venda de listas com dados de segurados do INSS

  • Ostentação com BPC

  • Benefício rural indevido

  • Benefício por incapacidade sem estar incapacitado

Dentre os golpes mais comuns estão o da falsa prova de vida, saque após a morte do beneficiário, compra de laudo médico para concessão de benefício por incapacidade, descontos indevidos de mensalidade associativa ou de crédito consignado, roubo de informações sensíveis e documentação falsa.

No livro, que será lançado em São Paulo nesta quinta-feira (7), às 19h, na PUC (Pontifícia Universidade Católica), zona oeste da capital paulista, as fraudes foram divididas por tipo, com casos históricos como o de Jorgina de Freitas e a Máfia da Previdência, casos fiscais, nos quais quadrilhas se apropriam de valores indevidos, e fraudes eletrônicas, bancárias, previdenciárias, de acumulação indevida, relacionadas ao estado de saúde do aposentado, de falsificação ou adulteração de documentos, e suborno, entre outras.

O ponto de partida para o levantamento foram as operações da Polícia Federal envolvendo a Força Tarefa Previdenciária, além da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Previdência, de 1993, e as próprias ações judiciais de aposentados que procuram o seu escritório após ser vítimas.

O levantamento contou ainda com pesquisa de casos na Justiça Federal do Brasil e em notícias de sites e jornais internacionais, mostrando que a engenharia social das fraudes e a corrupção não são problemas exclusivos do Brasil, mas estão em países como Estados Unidos, Suécia, Itália e Japão, entre outros.

Para Saraiva, a tecnologia trouxe desafios aos aposentados e pensionistas, que podem ter seus dados expostos de forma mais fácil. Ele lembra, no entanto, que ainda há muitos casos de segurados que são enganados por criminosos.

Não é possível mensurar o quanto a Previdência e aposentados perderam. Os valores nas investigações são estimativas.

"É difícil essa precificação, embora na década de 90, na Máfia da Previdência Social, quando Jorgina de Freitas 'assaltou' 15 agências no Rio de Janeiro, criou-se a CPI do Rio de Janeiro e depois a CPI nacional. Naquela altura, foi feita uma estimativa de 50% da arrecadação do INSS, dos quais 7% foram recuperados", afirma.

Casos internacionais

O recente caso de dois filhos acusados de manter o corpo do pai morto, de 88 anos, por menos seis meses dentro de uma casa no Rio de Janeiro para receber R$ 5.000 mensais do INSS não é especificidade do Brasil.

Embora não tenha entrado no livro, Saraiva destaca histórias semelhantes em outros países e casos mais antigos em solo brasileiro.

Nos Estados Unidos, em Nova Iorque, um filho se vestiu como a mãe morta para receber seu benefício no banco. A fraude ocorreu por cerca de seis anos.

Ele adulterou documentos e forneceu dados falsos à Previdência. Sacou um total de US$ 15 mil em renda previdenciária. Ia ao banco de peruca loura, óculos escuros, vestido e maquiagem.

Em outro caso selecionado, em Chicago o autor diz que a filha colocou o corpo da mãe em um freezer, por dois anos, e escondeu o equipamento em uma parte do condomínio onde morava que não era acessado por moradores.

Na Itália, um homem foi preso por esconder o corpo da mãe por cinco anos para receber seu benefício previdenciário. A mãe de 80 anos foi descoberta mumificada na residência após vizinhos estranharem sua ausência.

No Brasil, o caso da sobrinha que levou o tio morto —Tio Paulo— ao banco no Rio de Janeiro para fazer empréstimo em seu nome em 2024 é um dos mais conhecidos.

No livro, Saraiva expõe ainda o caso de um homem que matou um casal, de 80 e 57 anos e arrancou a mão do idoso, levando os dedos ao caixa eletrônico para utilizar a biometria do aposentado. Conseguiu sacar um mês de benefício.

Fraudes no INSS

Veja as principais fraudes contra o INSS

Incapacitado de aluguel ou dublê de perícia

  • Pessoas incapacitadas para o trabalho são aliciadas por quadrilhas para fazer a perícia médica no INSS no lugar de segurados e receber benefício previdenciário
  • Nesta fraude, o grupo confeccionava documentos falsos com a fotografia do dublês, mas os demais dados eram de um requerente segurado da Previdência, que ficava com o dinheiro

Saque após o falecimento

  • Esse é um dos golpes mais comuns contra a Previdência. Familiares usam senha e cartão do aposentado já falecido para continuar sacando o benefício, mas a medida é crime
  • Quando um segurado da Previdência morre, seu benefício deve ser cessado
  • Só depois pode ser pago a herdeiros caso tenham direito à pensão

Laudos médicos comprados

  • Segurados ou quadrilhas obtêm laudos fraudulentos para simular incapacidade para o trabalho, prática que compromete tanto o paciente quanto o profissional de saúde, que pode ter sido enganado ou fazer parte do esquema
  • Neste caso, o segurado prova estar incapacitado e pode ter acesso a benefícios como auxílio-doença, aposentadoria por invalidez e BPC (Benefício de Prestação Continuada) da pessoa com deficiência
  • O golpe funciona envolvendo uma quadrilha de profissionais que podem fraudar os documentos ou o uso de tecnologia e/ou inteligência artificial para criar laudos falsos, falsificar números de CRMs, carimbos e até assinaturas

 

Golpe da cesta básica

  • O criminoso entrega uma cesta "gratuita" ao idoso, tira uma foto do beneficiário para comprovar a entrega a uma suposta entidade que enviou a cesta e, com essa biometria facial, abre uma conta digital
  • Com a conta aberta, faz empréstimos consignados em nome do segurado e pode cometer outras fraudes, como ter acesso ao FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), por meio do saque-aniversário, por exemplo

Golpe da falsa portabilidade

  • Estelionatários prometem reduzir parcelas de um empréstimo consignado ou oferecem dinheiro extra ao fazer a portabilidade do consignado de um banco para outro
  • Na prática, fazem novos empréstimos em nome do aposentado e desviam os valores
  • Há casos ainda nos quais o golpista convence o aposentado a fazer o refinanciamento do seu consignado e, com o dinheiro a mais que o idoso consegue ao refinanciar o crédito, ele paga o "especialista" que o orientou, ou seja, deposita o valor para o criminoso

Golpe da falsa prova de vida

  • É um dos mais conhecidos e pode ocorrer de várias formas
  • Antes, cidadãos tinham de ir ao banco provar que estavam vivos. Agora, o INSS usa informações de banco de dados nacionais para comprovar que o idoso está vivo
  • Com isso, golpistas usam uma técnica chamada de smishing (envio de SMS mais phishing, pescaria de dados), enviando mensagem de texto afirmando que o benefício será cortado se o idoso não atualizar os dados
  • Ao atualizar, clicando em links ou por WhatsApp, o segurado passa os dados ao golpista e pode ser vítima de diversas fraudes financeiras
  • Há ainda outra modalidade, na qual os fraudadores enviam mensagens para os segurados, por carta, email, telefone, SMS ou WhatsApp solicitando documentos para atualização das informações sobre o beneficiário
  • Quem envia a papelada pode se tornar vítima e ficar sem o benefício

Descontos indevidos de mensalidades associativas

  • Associações e sindicatos faziam a adesão de aposentados e pensionistas de forma indevida e passavam a realizar descontos em seu benefício
  • Esse é o caso que está sendo investigado na Operação Sem Desconto do INSS, envolvendo R$ 6 bilhões descontados, dos quais o valor fraudulento ainda esta sendo levantado
  • O INSS fechou acordo no STF (Supremo Tribunal Federal) para devolver o dinheiro a quem não reconhece o desconto
  • O golpe funciona de várias formas; há casos de associações de fachada, criadas apenas com esse fim, que roubam os dados do beneficiários e o vinculam à entidade
  • Há os casos nos quais o aposentado assinou papéis da associação, mas foi enganado quanto ao que dizia o documento, sem saber que teria desconto no benefício
  • Há até mesmo a chamada 'fraude da fraude', quando a entidade frauda gravações de voz dizendo ser do próprio segurado autorizando, por telefone, o desconto em seu benefício, segundo informou o INSS

Golpe do consignado

  • Criminosos entram em contato com aposentados como se fossem instituições financeiras oferecendo empréstimo consignado com condições vantajosas, como taxas de juros bem reduzidas
  • Quando a pessoa se interessa pela oferta e decide contratar o empréstimo, os golpistas pedem que ela faça um depósito antecipado para que o valor seja liberado
  • Em outros casos, supostos funcionários do INSS ligam ou enviam emails para os beneficiários pedindo seus dados pessoais e bancários
  • Ao enviar esses dados, é feito um empréstimo fraudulento

 

Golpe do casamento para fraudar pensão por morte

  • Idosos aposentados se casam com suas cuidadoras ou com conhecidas para deixar a pensão por morte do INSS
  • Em muitos casos, o golpe envolve outros familiares, que, depois da morte do segurado, dividem a pensão com a suposta viúva
  • O golpe também pode ocorrer com mulheres aposentadas que estejam doentes sendo assediadas por homens mais novos, que se casariam para receber a pensão
  • Para diminuir esse tipo de golpe no Brasil, em 2015, a presidente Dilma Rousseff (PT) sancionou lei com regras para o pagamento da pensão, como tempo mínimo de casamento para ter direito ao benefício
  • Também foi elaborada uma tabela com a duração máxima da pensão conforme a idade do segurado que ficou viúvo ou viúva, acabando com a chamada 'pensão brotinho'

Venda de listas com dados de segurados do INSS

  • A venda de dados de aposentados da Previdência Social, como nome completo, número de benefício, CPF e data de nascimento não é nova, mas ganhou fôlego com a inteligência artificial
  • A prática consiste na venda de listas com esses dados. Antes, eram impressos em papel, depois passaram a ser comercializados em CDs e/ou pendrives e, agora, a venda é feita online, com os dados separados por inteligência artificial, por CEP, cidades, bairros, regiões ou o que o comprador quiser escolher e puder pagar
  • Com esses dados, é possível abrir contas e realizar diversas operações financeiras

Ostentação com BPC

  • Cidadãos fraudam documentos que atestam baixa renda e conseguem receber o BPC, pago a quem faz parte de família cuja renda per capita (por pessoa) seja de até um quarto do salário mínimo
  • A fraude é descoberta porque, em muitos casos, os golpistas ostentam situação financeira de alto luxo, como ter viagens, carros e vida incompatível com a renda

Benefício rural indevido

  • A fraude parecida com a do BPC; o cidadão consegue falsificar comprovantes atestando ter direito à aposentadoria rural, paga para segurados com idade menor do que as dos demais trabalhadores
  • Na aposentadoria rural, segurados especiais não precisam ter contribuído com o INSS, basta apenas comprovar trabalho no campo
  • A fraude também é descoberta por haver ostentação de padrão de vida incompatível com a renda um trabalhador rural
  • Em um dos casos, a Justiça descobriu, em postagens em rede social feitas pelos pais do aposentado entre 2015 e 2021, carros de luxo, como por exemplo um Camaro, e outros que tinham até teto solar
  • Nas postagens, ele apareceria utilizando acessórios de alto valor, como anéis, pulseiras, colares, óculos de sol e relógios

Benefício por incapacidade sem estar incapacitado

  • Segurados levam laudos falsos à perícia médica e conseguem receber o benefício por incapacidade
  • Os principais casos envolvem o auxílio-doença, pago a quem está temporariamente incapacitado para o trabalho, mas há também aposentadorias por invalidez
  • No entanto, esses beneficiários levam vida incompatível e realizam viagens, vão à academia, shopping, praia; há casos de pessoas que trabalham
  • PREVIDENCIA SOCIAL

 

CGU tem cinco auditorias abertas para fiscalizar emendas parlamentares a pedido do STF

Por Carolina Brígido / O ESTADÃO DE SP

 

 

BRASÍLIA – A Controladoria-Geral da União (CGU) tem cinco auditorias em andamento para fiscalizar pagamentos de emendas a partir de 2020. As fiscalizações foram abertas por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino, relator de processos sobre a legalidade da transferência de dinheiro público por esse mecanismo.

 

As investigações fazem parte da ofensiva do Supremo contra o chamado orçamento secreto – mecanismo revelado pelo Estadão em maio de 2021. A estimativa é que haja cerca de 40 inquéritos abertos no tribunal para apurar crimes decorrentes do repasse ilegal de dinheiro público por meio de emendas. Essas apurações estão pulverizados pelos gabinetes da Corte.

 

A partir das próximas auditorias, a depender do resultado, novos inquéritos poderão ser abertos na Corte. A previsão é que a nova leva de fiscalizações seja concluída ao longo deste semestre. Uma das frentes foca nos dez Estados e municípios que mais receberam recursos de “emendas Pix” entre 2020 e 2024. Outras duas auditorias miram 49 organizações não-governamentais (ONGs) e entidades do terceiro setor que receberam recursos dos Estados e municípios vindos de todas as modalidades de emendas parlamentares no mesmo período.

 

Há ainda uma auditoria sobre o rateio de valores e fragmentação de objetos de emendas de bancada e de comissão. E outra sobre os planos de trabalho não cadastrados das transferências de “emendas Pix” em 20 Estados e municípios. Antes das novas auditorias, oito foram concluídas e tiveram o resultado divulgado pela CGU.

 

O STF fechou o cerco em torno das emendas desde novembro de 2021, quando a ministra Rosa Weber, hoje aposentada, suspendeu a execução do orçamento secreto, revelado pelo Estadão. Nesta terça-feira, 5, será realizada no STF uma reunião técnica com a CGU, o Tribunal de Contas da União (TCU), o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e o Banco do Nordeste. O objetivo é discutir possibilidades de rastreio de emendas em contas bancárias.

 

Ao agendar o encontro, o ministro levou em conta uma nota técnica conjunta de órgãos de controle público que constatou limitações técnicas em contas bancárias para garantir a transparência dos repasses de emendas. Dino quer que os bancos sejam capazes de incluir em extratos bancários informações como o CPF e o CNPJ dos destinatários de emendas parlamentares.

Polícia Federal tem realizado operações frequentes para instruir os inquéritos já em andamento no STF para apurar indícios de fraudes nos repasses. Na semana passada, por ordem de Dino, foi deflagrada uma operação para investigar o desvio de recursos de emendas destinadas à realização de eventos de esportes digitais no Distrito Federal e no Espírito Santo.

 

Segundo os investigadores, as irregularidades são da ordem de R$ 15 milhões. Entre os suspeitos, está um contador que, segundo as apurações, é ligado ao senador Izalci Lucas (PL-DF)No mês passado, o ministro Gilmar Mendes autorizou uma operação com mandados de busca e apreensão contra o deputado federal Júnior Mano (PSB-CE) e outros cinco suspeitos de integrar um esquema de desvio de emendas parlamentares.

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