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Larissa Gaspar destaca serviços prestados pela Secretaria da Proteção Social

Por Ricardo Garcia / ALECE

 

Deputado Larissa Gaspar (PT) - Foto: Junior Pio

 

A deputado Larissa Gaspar (PT) parabenizou, durante o primeiro expediente da sessão plenária da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece) desta quarta-feira (10/07), realizada de forma presencial e remota, o trabalho desenvolvido pela Secretaria da Proteção Social (SPS) do Estado.

Segundo a parlamentar, a pasta tem avançado em muitas frentes de atuação no Ceará, citando o acesso à documentação básica pela população como um dos principais destaques. "O Estado conta com diversos Caminhões do Cidadão, levando serviços de acesso à documentação ao povo. Além disso, temos investimentos no sentido de ampliar o Vapt Vupt e a Casa do Cidadão", salientou.

Ela também ressaltou a importância de iniciativas como o programa Mais Infância. "É uma política estadual que contempla vários eixos, fortalecendo ações de acolhimento às nossas crianças e adolescentes", assinalou.

Larissa Gaspar destacou ainda a tramitação na Casa de dois projetos de lei de autoria do Poder Executivo. O 74/24, que autoriza a contratação de operação de crédito externo para financiar o Programa de Modernização da Gestão Fiscal do Estado do Ceará (Profisco III-Ceará), vai, de acordo com a deputada, ao encontro do compromisso de responsabilidade fiscal do Estado.

"O governador Elmano tem sido um exemplo nesse quesito para todo o País, gerindo um Estado com recursos disponíveis em caixa e baixos níveis de endividamento", reforçou a parlamentar.

Já a proposição 75/24 autoriza crédito especial para o pagamento de depósitos judiciais pela Secretaria da Fazenda e para a realização de concurso público para a Superintendência do Sistema Estadual de Atendimento Socioeducativo (SEAS).

"É investimento para a realização de mais um importante concurso público no Ceará, que é um dos estados que mais realiza certames, por ter um compromisso com o serviço público. É muito importante que essa matéria seja aprovada e esse concurso seja realizado o mais breve possível para fortalecer a política de atendimento aos jovens em privação de liberdade", pontuou Larissa Gaspar.

Em aparte, a deputada Jô Farias (PT) manifestou indignação com a denúncia de mais um caso de importunação sexual contra mulher no Estado, após uma vítima de 67 anos relatar ter sofrido o crime em um elevador, cometido por um ex-empresário de bandas de forró.

"Precisamos nos indignar e fazer alguma coisa para que nós mulheres possamos ter mais segurança. Lamento profundamente o que aconteceu e espero que tudo seja apurado", comentou a deputada. 

Edição: Lusiana Freire

Tomaz Holanda informa sobre projeto para reconhecer Paróquia de São Pedro em Caririaçu

Por Lincoln Vieira / ALECE

 

Deputado Tomaz Holanda (Avante) - Foto: Junior Pio

 

O deputado Tomaz Holanda (Avante) explanou sobre o projeto de lei de sua autoria que reconhece a Paróquia de São Pedro, em Caririaçu, como Monumento de Destacada Relevância Histórica, Cultural e Turística do Estado do Ceará, durante o primeiro expediente da sessão plenária da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece), nesta quarta-feira (10/07), realizada de forma presencial e remota. 

O deputado argumenta que o projeto de lei 509/24, de sua autoria, em tramitação na Casa, propõe o reconhecimento da Paróquia de São Pedro como ponto turístico e ainda incentiva o poder público estadual a investir na infraestrutura do prédio. 

O objetivo, detalhou o deputado, é alavancar o turismo e a geração de emprego e renda no município. “A Paróquia de São Pedro de Caririaçu representa um patrimônio valioso para o turismo religioso no Estado. O Padre Cícero Romão Batista atuou como vigário em 21 de setembro de 1888 e foi a única paróquia onde o Padre Cícero atuou como pároco”, ressalta. 

O deputado frisou que o líder religioso atraiu grande número de seguidores através de sua influência e carisma. Tomaz Holanda observou ainda que a participação do sacerdote contribuiu para consolidar o município de Caririaçu como um importante centro de devoção religiosa. 

“A presença de seu séquito, bem como a concentração de fiéis nas proximidades da Serra, evidencia a relevância espiritual e histórica. A Paróquia São Pedro foi a única capela onde ele foi pároco, não foi em Juazeiro e nem no Crato. Ele celebrou missas, como pároco, só em Caririaçu”, enfatizou. 

Ainda na tribuna, Tomas Holanda parabenizou o 1º sargento do Comando de Policiamento de Rondas e Ações Intensivas e Ostensivas (CPRaio) da Polícia Militar do Ceará (PMCE), Guilherme dos Santos Melo, pelo reconhecimento do Departamento de Polícia do Estado da Geórgia, nos Estados Unidos, pelos relevantes serviços prestados a corporação local. 

O parlamentar ressaltou que o PM viajou aos Estados Unidos para ministrar aulas em um seminário sobre técnicas e táticas de condução e algemação para os policiais do estado da Geórgia. “Eu, junto com o presidente da Alece, deputado Evandro Leitão (PT), solicitamos um título de cidadão cearense através do projeto de lei 505/24, para reconhecer o trabalho do sargento Guilherme dos Santos Melo. Ele merece porque leva o Estado do Ceará no coração. Ele nasceu no Pará, mas constituiu esposa, filhos e raízes no Ceará”, acentua. 

Edição: Vandecy Dourado

Simão Pedro ressalta benefícios para o Ceará com conclusão de ferrovia da Transnordestina

Por Luciana Meneses / ALECE

 

Deputado Simão Pedro (PSD) - Foto: Junior Pio

 

O deputado Simão Pedro (PSD) salientou, durante o primeiro expediente da sessão plenária da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece) desta quarta-feira (10/07), os benefícios para a população cearense com a conclusão da Ferrovia Transnordestina que ligará os estados do Piauí, Pernambuco e Ceará. 

A conclusão das obras da ferrovia está prevista para dezembro de 2026, ligando o município Eliseu Martins, no Piauí, ao Complexo Industrial e Portuário do Pecém, no Ceará, e o Complexo do Suape, em Pernambuco. “Com extensão de mais de 1.200 Km e passando por 53 municípios no Piauí, Ceará e Pernambuco, vai possibilitar o escoamento da produção e a redução do custo logístico. A ferrovia será responsável pelo transporte de minérios, fertilizantes, grãos e combustíveis, reforçando a competitividade dos produtos brasileiros no exterior”, ressaltou o parlamentar.

De acordo com Simão Pedro, o governador Elmano de Freitas sugeriu ainda que a ferrovia seja utilizada também para o transporte de passageiros da capital para o Cariri cearense. 

O deputado destacou ainda a 14ª Mostra Meu Santarém, realizada do dia 24 a 29 de junho no município de Orós, promovida pela ONG Realeza Nordestina. O evento promove apresentações culturais de teatro, dança, cinema, música e outras linguagens artísticas, priorizando a criação de renda e geração de emprego por meio da economia da cultura e economia criativa. 

“Esse evento abre caminho para jovens, mulheres e a comunidade rural, contando com a participação popular na construção da programação artística, mais uma vez mostrando o poder transformador da cultura, promovendo inclusão, sustentabilidade e geração de renda”, elogiou.

O parlamentar acrescentou ainda que apresentou na Alece o projeto de lei n° 64/24 declarando de utilidade pública o Centro de Preservação da História e Cultura Popular Realeza Nordestina, com sede no distrito de Santarém, município de Orós. “É uma forma de reconhecer o magnífico trabalho que a ONG vem realizando durante todos esses anos e que tem dado tanto orgulho a todos nós, filhos de Orós”, assinalou. 

Edição: Lusiana Freire

Romeu Aldigueri destaca medidas do Governo do Estado para melhorar índices da segurança pública

Por Narla Lopes / ALECE

 

Deputado Romeu Aldigueri (PDT) - Foto: Junior Pio

 

O deputado Romeu Aldigueri (PDT) destacou, durante o primeiro expediente da sessão plenária da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece) desta terça-feira (09/07), realizada de forma presencial e remota, diversas medidas do Governo do Estado na área da segurança pública para combater a criminalidade.

“O governador Elmano de Freitas está fazendo a sua parte, trabalhando diuturnamente, reunindo diversas esferas do Poder Público e Judiciário para melhorar a sensação de segurança da população e os índices no Estado”, pontuou o deputado.

Entre as ações, o parlamentar mencionou o anúncio de novos concursos, a convocação de mais de 2.700 policiais civis e militares, e peritos forenses, efetivação do cadastro de reserva, ganhos históricos para as forças de segurança, como melhoria da remuneração, aumento das diárias e do valor de apreensão de arma em 50% e inclusão do policial penal nessas gratificações. Além disso, destacou a compra de novas viaturas e a abertura de novas delegacias.

“Agora vai anunciar os tablets para que se possa efetivar os flagrantes de forma digital, possibilitando que o policial civil e militar esteja mais próximo e mais presente nas comunidades rurais e urbanas para realizar os flagrantes”, disse.

Tudo isso, pontuou o parlamentar, se reflete em números como a diminuição de 14,4% nos Crimes Violentos contra o Patrimônio (CVPs) em junho deste ano, com 3.003 ocorrências contra 3.509 no mesmo mês de 2023.

O deputado também destacou os investimentos em inteligência no Estado, além das medidas implementadas para apreender celulares roubados e colocar mais policiais nas ruas nos locais onde há mais furtos. Isso resultou na retração de 9,7% nos dados de Fortaleza, com 2.162 registros contra 2.393 ocorrências em junho do ano passado.

“Já na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), os roubos caíram 25,7%, com 455 ocorrências no sexto mês de 2024 contra 612 em 2023. A maior redução ficou com o Interior Sul, onde os crimes reduziram 47,3% no período, com 136 roubos contra 258 em junho de 2023”, detalhou o deputado.

Ele acrescentou que o reforço do trabalho ostensivo foi incrementado por 860 novos policiais militares e o reforço nas investigações com a posse de 428 novos policiais civis. “É o começo de um ciclo de bons resultados no Estado”, assinalou.

Edição: Lusiana Freire

Lira acelera votação da reforma, anima o mercado, mas deixa setores apreensivos

Adriana FernandesVictoria Azevedo / FOLHA DE SP

 

O presidente da Câmara dos DeputadosArthur Lira (PP-AL), acelerou a tramitação da regulamentação da reforma tributária na Casa às vésperas do recesso parlamentar. Numa tentativa de realizar uma força-tarefa para analisar os projetos de lei, Lira suspendeu as reuniões das comissões temáticas da Casa até quinta-feira (11) e pautou para esta terça (9) a votação em plenário do requerimento de urgência do primeiro texto enviado pelo Executivo.

requerimento foi aprovado por 322 votos favoráveis e 137 contrários, além de três abstenções. Agora, os deputados deverão apreciar o mérito da proposta no plenário da Casa na quarta-feira (10), com sessão começando pela manhã e se estendendo ao longo do dia. A iniciativa gerou incômodo em deputados, que se queixaram à reportagem pela velocidade da tramitação de uma matéria considerada complexa.

O movimento de Lira, no entanto, teve respaldo do governo federal. Na terça, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se reuniu com o presidente da Casa e lideranças partidárias para apresentar cálculos do impacto das mudanças no projeto na alíquota média de referência dos novos impostos.

A regulamentação da reforma tributária é considerada a principal prioridade do Executivo na Câmara neste semestre. O governo também tem pressa para aprovar esse tema num momento em que o mercado sinaliza positivamente ao andamento da reforma tributária.

 

Além da aposta em corte de juro em setembro nos Estados Unidos e melhora do ambiente fiscal, depois que o presidente Lula assumiu compromisso com o arcabouço fiscal, fortalecendo Haddad, a aceleração da votação da reforma animou o mercado financeiro.

Para os analistas, é importante o andamento da agenda de reformas que terão impacto no crescimento do país.

Na véspera da votação, a Câmara ficou repleta de lobistas de setores apreensivos com o risco de não terem sido atendidos, mas também com esperança de emplacar ainda mudanças no parecer final que será levado à votação do plenário. Outros querem se certificar de que foi decidido no parecer inicial seja mantido.

Assim como ocorreu na tramitação da PEC (proposta de emenda à Constituição) da reforma tributária na Câmara no ano passado, a expectativa é que os pontos considerados polêmicos sejam resolvidos no momento em que o texto for discutido no plenário.

inclusão das carnes na cesta básica nacional com imposto zero é o mais polêmico, mas outros pleitos, se atendidos, podem ter impacto na alíquota média do IBS e CBS de 26,5%, calculada pela Fazenda com base no projeto do Executivo que foi enviado ao Congresso.

O valor da alíquota segue indefinido e foi o principal tema da reunião de líderes com Haddad nesta terça. Lira indicou que vai calibrar as alterações finais com base no impacto da alíquota.

Setores de medicamentos, saneamento, alimentos, mineração, petróleo, automóveis elétricos, armas de fogo, construção civil, livros, igrejas, bets (jogos de azar) e refrigerantes atuam fortemente nos bastidores.

Por outro lado, outros setores querem garantir o texto do primeiro parecer do grupo de trabalho, divulgado na semana passada. É o caso da indústria de armas, que ficou fora da lista dos produtos que terão incidência do Imposto Seletivo, mas seguem ameaçados. As montadoras do Nordeste também querem manter o texto do relatório, que ampliou os benefícios concedidos a elas.

Os setores que garantiram a imunidade tributária (não pagam o imposto) na emenda constitucional, como as igrejas, pressionam para recuperar os créditos das cadeias anteriores. É o caso também da indústria do livro.

Técnicos do governo estão sem dormir fazendo as contas a pedido do grupo de trabalho da regulamentação da forma de seguem sem saber até agora qual será o impacto da alíquota. O primeiro parecer praticamente não alterou a alíquota média porque a flexibilização das regras para a construção (a com maior impacto) foi compensada pela inclusão dos jogos de azar (bets) e dos carros elétricos no IS, mais conhecido como imposto do pecado.

O setor de medicamentos é uma dos mais inquietos na expectativa de conseguir mudanças nesta reta final da votação na Câmara. Cinco entidades do setor (Acessa, Alanac, Febrafar, Grupo FarmaBrasil e PróGenéricos) fazem uma ofensiva na Câmara para garantir alíquota reduzida para todos os medicamentos.

A proposta é que haja duas faixas apenas de alíquota: desconto de 60% e 100% (zero). Eles querem eliminar a lista do projeto que contém medicamento com pagamento integral (alíquota cheia), sem desconto. Pelos cálculos do setor, o projeto deixa de contemplar 56% dos medicamentos, principalmente aqueles de uso popular, como antigripais e para o tratamento da diabetes.

"Estamos num processo de aguardar o que vai sair. A causa é muito justa. Estamos conversando com os líderes", disse à Folha o presidente do Grupo Farma Brasil, Reginaldo Arcuri.

O presidente do IBP (Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás), Roberto Ardenghy, também conta com mudanças no projeto para garantir que ele seja aprovado prevendo alíquota zero do imposto do pecado, garantindo também que não haja tributação das exportações.

Ele considera que a inclusão do petróleo e mineração na lista do IS é um ponto fora da curva da reforma. "É uma maneira equivocada de se tratar o imposto seletivo, que, por definição, em todos os lugares do mundo, inclusive no Brasil, no passado, sempre foi [cobrado] no consumidor final. É o sujeito que vai comprar um maço de cigarro ou vai beber uma dose de alguma bebida alcoólica e ele vai pagar, como consumidor final, aquela onerosidade por um hábito que a gente quer desestimular", disse.

Para o setor, a cobrança é inconstitucional e, se aprovada, vai levar à judicialização da reforma. " Tem também outro efeito negativo. Ele é inflacionário e vai diminuir a competitividade do Brasil, porque o petróleo brasileiro vai ficar mais caro e ainda vai reduzir a arrecadação dos estados e municípios", diz ele.

Bancadas de Lula e Bolsonaro na Câmara dominam pré-candidaturas a prefeituras no País

Por Gabriel de SousaJuliano GalisiKarina Ferreira e Rayanderson Guerra/ O ESTADÃO DE SÃO

 

 

Eleições de outubro podem contar com 23 deputados do PL e 19 do PT, que se declaram pré-candidatos no momento; para especialistas, participação de congressistas é estratégica para que os partidos garantam comando de cidades

 

SÃO PAULO, RIO E BRASÍLIA – Em 2024, eleitores dos municípios brasileiros elegem prefeitos e vereadores para os próximos quatro anos. Apesar da escolha em nível local, a eleição deste ano deve refletir a polarização nacional entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A sete meses do pleito, as bancadas de PL PT, as maiores da Câmara dos Deputados, também acumulam o maior número de parlamentares que se apresentam como pré-candidatos a prefeituras do País.

 

Dos 96 deputados do PL, 23 afirmaram que são pré-candidatos a algum Executivo municipal. Entre os 68 petistas da Câmara, 19 disseram ser pré-candidatos. O Estadão ouviu os 513 deputados e 81 senadores entre os dias 19 de fevereiro e 11 de março. No total, 96 deputados e senadores afirmaram que devem concorrer ao cargo de prefeito.

 

Especialistas ouvidos pelo Estadão explicam que o pleito municipal desempenha um papel estratégico na articulação política do País. Neste ano, a importância da eleição é ainda maior para os partidos de Lula e Bolsonaro. Aos petistas, o sufrágio pode ser um indicativo da aprovação da gestão federal. Aos bolsonaristas, vale manter o ex-presidente, inelegível até 2030, vivo no debate político. Aos dois interessa a projeção de prefeitos nas principais cidades, que poderão funcionar como cabos eleitorais na disputa presidencial de 2026.

 

Os deputados federais estão interessados nos pleitos tanto de capitais quanto de colégios eleitorais estratégicos, em municípios com mais de 100 mil habitantes. Ao todo, 66 municípios brasileiros deverão ter um congressista na disputa ao Executivo local, segundo os que afirmaram ser pré-candidatos ao Estadão.

 

Todos os números ainda podem ser alterados, pois os nomes precisam ser apresentados e aprovados até agosto, nas convenções partidárias. Negociações políticas e arranjos regionais podem incluir ou retirar candidaturas.

Partidos de olho na disputa

Dos 23 pré-candidatos do PL, nove devem disputar o Executivo de capitais e 14 almejam prefeituras de municípios do interior dos Estados. Dos 19 pré-candidatos do PT, nove podem concorrer em capitais e outros dez pretendem competir no interior. A terceira sigla com mais deputados pré-candidatos é o União Brasil, com dez.

 

Coordenador do Grupo de Trabalho Eleitoral do Partido dos Trabalhadores, o senador Humberto Costa (PE) diz que o partido já tem, até o momento, 88 candidaturas definidas em cidades com mais de 100 mil eleitores, sem considerar somente congressistas. Até o pleito municipal, esse número pode chegar a 128 candidatos, a depender das articulações do PT com outros partidos.

 

”Entre essas candidaturas, existem muitos parlamentares federais, estaduais ou até mesmo vereadores que estão deixando a vereança para disputar a prefeitura. Nós não estabelecemos nenhuma meta especial com relação a essa questão de deputados estarem disputando o pleito municipal. Geralmente, o deputado é alguém que naquele município teve uma votação expressiva e tem uma presença social e um mandato forte naquela região”, explicou.

 

Segundo o senador, as candidaturas de parlamentares não fazem parte de uma estratégia do PT, mas podem garantir uma votação mínima para que o partido consiga eleger prefeitos e vereadores. “Para nós, é bom. Garante uma votação boa, mínima, para essas candidaturas e, provavelmente, puxa também a eleição de vereadores. Não é uma estratégia nossa ter os deputados como candidatos. É uma coincidência.”

 

O Estadão procurou o PL, mas não obteve retorno.

 

A eleição de prefeitos e vereadores costuma estar ligada ao contexto local, com pautas mais próximas ao dia a dia do eleitor. Em 2024, porém, segundo analistas, a disputa nacional promete ter um peso nos pleitos municipais, com candidatos ao Executivo replicando a polarização que marcou a eleição geral de 2022.

No fim de janeiro, Lula não só reconheceu que o País está polarizado como pontuou que, na sua avaliação, isso é “bom” para o debate nas eleições municipais. “Aqui no Brasil vai ter polarização, e eu acho bom que tenha, nós somos uma sociedade viva”, afirmou o presidente à Rádio CBN Recife. “A polarização sempre vai existir. Não tem jeito”, disse o petista sobre a rivalidade com Jair Bolsonaro.

 

Disputa de 2024 é estratégica para o futuro do PT e do PL, dizem especialistas

A professora de Ciência Política da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e coordenadora do Laboratório de Partidos, Eleições e Política Comparada (Lappcom), Mayra Goulart, avalia que as eleições deste ano são estratégicas para o próximo pleito presidencial.

 

“Agora, serão eleitos os cabos eleitorais para 2026. Essa entrada no território é uma peça fundamental de uma eleição. Ninguém consegue voto só atuando em Brasília, o eleitor não está lá. Está no território, no bairro, no município”, explicou a professora.

 

Para ela, os dois partidos, que protagonizam a polarização no cenário nacional, escolhem nomes considerados fortes no pleito municipal justamente para manter a imagem do partido forte e capilarizada.

 

“Por que é importante para o PL que o Delegado Ramagem dispute a prefeitura no Rio de Janeiro? E para o PT, a Maria do Rosário (em Porto Alegre)? Porque isso mantém o nome do partido vivo naquele município e, colocando um grande nome, você atrai mais atenção”, disse.

 

De acordo com o doutor em Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB) Leandro Gabiati, os partidos de Lula e Bolsonaro são as principais forças políticas do País atualmente. Por isso, as legendas preparam candidatos que já foram testados nas urnas por terem uma “maior responsabilidade” para conquistar o comando de capitais e outras cidades estratégicas.

 

“O PT e o PL são os maiores partidos, são as principais forças políticas e possuem um desafio e uma responsabilidade nesta eleição municipal. Diante dessa responsabilidade, eles orientam e fazem com que diversas prefeituras, a partir da relevância política de cada uma delas, sejam disputadas por parlamentares que possuem uma certa experiência política”, afirmou Gabiati.

 

Segundo Mayra Goulart, a polarização beneficia os dois partidos a partir da “simplificação do espaço político”. Ou seja, os eleitores deixam de escolher uma das diversas tendências eleitorais e baseiam as suas votações a partir da rejeição da outra sigla, ligada à imagem de Lula ou à imagem de Bolsonaro.

 

“O espaço político tem várias tendências, que é plural. Ele fica resumido, simplificado em duas forças. Isso ajuda na hora de o eleitor entender e fazer sua opção por uma força ou pela outra. Então, a polarização é uma simplificação que ajuda esses partidos a se aproximarem do eleitor com uma abordagem mais simples: a partir da rejeição do outro”, afirmou.

 

Cinco cidades podem ser palcos de embates entre deputados do PL e do PT

Deputados do PT e do PL devem ter confrontos diretos em cinco municípios. Em Feira de SantanaBahia, Zé Neto (PT) tentará novamente conquistar o comando local e deve enfrentar o bolsonarista Capitão Alden (PL).

 

A deputada Luizianne Lins (PT) e o deputado André Fernandes (PL) já comunicaram aos seus partidos o interesse de concorrer à prefeitura de Fortaleza, no Ceará. Outra capital que terá dois congressistas disputando o pleito municipal é Goiânia, onde Gustavo Gayer (PL) e Adriana Accorsi (PT) são pré-candidatos.

 

Em Natal, capital do Rio Grande do Norte, há uma disputa interna dentro do partido de Bolsonaro para escolher o representante do PL para a eleição. Os deputados General Girão e Sargento Gonçalves buscam apoio para consolidar as suas candidaturas. O escolhido pela sigla presidida por Valdemar Costa Neto vai enfrentar a deputada Natália Bonavides (PT).

 

Deputados podem compor chapas que buscam reeleição nas capitais

Também há deputados que pretendem disputar como vice-prefeitos. Nesses casos, como o parlamentar não é cotado, propriamente, à cabeça das chapas, eles não foram contabilizados na estimativa de pré-candidaturas no levantamento do Estadão.

 

O deputado Pedro Paulo (PSD) pode ser o vice da chapa do prefeito do RioEduardo Paes (PSD). O mandatário carioca deve receber o apoio do PT, que quer indicar o vice da chapa que busca a recondução. O congressista, por sua vez, é visto como uma solução caseira caso a aliança entre Paes e o comando petista não se consolide.

 

Já Carlos Veras (PT) deve ser o vice da chapa do prefeito do RecifeJoão Campos (PSB). Entre as lideranças petistas que costuram a participação do deputado na candidatura de Campos está o senador Humberto Costa.

 

Por Guilherme Naldis / O ESTADÃO DE SP

O presidente da CâmaraArthur Lira (PP-AL), e os líderes partidários da Casa se reuniram nesta terça-feira, 9, e decidiram que só trabalharão duas semanas em agosto e uma em setembro. A ideia é que os parlamentares tenham tempo para fazer campanha para seus aliados nas eleições municipais.

 

Em agosto, a Câmara só funcionará entre os dias 12 e 14 e, depois, de 26 a 28. Em setembro, estão previstas atividades entre os dias 9 e 11. O primeiro turno do pleito será em 6 de outubro e o segundo, em 27 de outubro.

 

Lira e os deputados também concordaram em acelerar a tramitação e votação da regulamentação da reforma tributária. Para isso, suspenderam as sessões de comissões temáticas, para que a análise da proposta fique para esta semana.

Novo Ensino Médio: Câmara aprova versão final sem espanhol e com 2,4 mil horas de carga básica

Por Iander Porcella (Broadcast) e Victor Ohana (Broadcast) / O ESTADÃO DE SP

 

Câmara dos Deputados rejeitou a inclusão do espanhol como disciplina obrigatória e as mudanças que o Senado havia feito na carga horária da formação básica do Novo Ensino Médio e, com isso, aprovou a versão final da proposta na noite desta terça-feira, 9. A votação foi simbólica, por decisão do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), e apenas PSOL, PCdoB e PDT se posicionaram contrários ao novo parecer, que foi aprovado em acordo com o governo Lula e o PT. O projeto de lei vai agora para sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

 

O texto aprovado prevê 2,4 mil horas de carga horária para a formação geral básica (que inclui disciplinas obrigatórias como matemática e linguagens), do total de 3 mil horas do ensino médio. Atualmente, desde a reforma do governo Michel Temer em 2017, a formação básica é de 1,8 mil horas.

 

Contudo, o relator, deputado Mendonça Filho (União-PE), voltou a definir que, nos casos em que o ensino médio for feito junto com curso técnico, a formação básica poderá ser menor, com um mínimo de 2,1 mil horas, das quais 300 horas poderão ser usadas como uma articulação entre a base curricular do ensino médio e a formação técnica profissional.

 

Na prática, isso pode reduzir a carga horária mínima da formação básica para 1,8 mil horas, ao abrir espaço para a formação técnica.

A parte flexível do currículo do ensino médio - que pode ser de aprofundamento de estudos ou de curso técnico - continua a se chamar “itinerários formativos”. O Ministério da Educação, no novo governo Lula, queria trocar esse nome pelo termo “percursos de aprofundamento e integração de estudos”.

 

A carga horária mínima anual do ensino médio passa de 800 para 1.000 horas (o acréscimo será distribuído em 200 dias letivos), mas poderá chegar a 1.400 horas, de forma progressiva.

 

O Senado havia incluído nos itinerários formativos, no processo gradual de ampliação de carga horária anual, a proporção de, no mínimo, 70% para a formação geral básica.

 

A lei aprovada diz ainda que o MEC, com participação dos sistemas estaduais e distrital de ensino, deverá elaborar diretrizes para os itinerários formativos. O texto prevê ainda que só serão feitas mudanças no Enem a partir de 2027.

 

O relator também retirou o espanhol como disciplina obrigatória e manteve somente o inglês como língua estrangeira. Os currículos poderão oferecer o ensino de outros idiomas de forma opcional, “preferencialmente o espanhol”, de acordo com a disponibilidade de oferta, locais e horários.

Da proposta aprovada no Senado, o deputado manteve a obrigatoriedade de que os Estados ofereçam, em cada um de seus municípios, pelo menos uma escola da rede pública com oferta de ensino médio regular no turno noturno, quando houver demanda.

 

Mendonça Filho já havia sinalizado que reverteria as principais alterações dos senadores. Logo após a proposta ter passado no Senado, o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), também defendeu restabelecer o texto dos deputados e prometeu dialogar com o ministro da Educação, Camilo Santana, para que isso ocorresse.

 

Como mostrou a Coluna do Estadão, as alterações feitas pelos senadores pegaram a bancada da educação na Câmara de surpresa. Mendonça Filho se irritou com o governo e lembrou que os compromissos firmados pelo Planalto deveriam ser cumpridos nas duas Casas do Legislativo.

 

No caso do ensino à distância, Mendonça Filho também retomou o texto da Câmara, que admite excepcionalmente o “ensino mediado por tecnologia”. O Senado havia mudado essa expressão para “ensino presencial mediado por tecnologia”, com ênfase no presencial, e determinado que a educação à distância seria admitida em “casos de excepcionalidade emergencial temporária reconhecida pelas autoridades competente”.

ARTUR LIRA: Gasto com helicóptero, avião e aluguel de carro blindado; Câmara barra notas fiscais de deputados

Por Levy Teles / O ESTAD DE SP

 

BRASÍLIA — A Câmara dos Deputados barrou cerca de R$ 1,6 milhão em gastos feitos por parlamentares entre 2023 e 2024. Os deputados queriam que a Casa legislativa reembolsasse despesas como estacionamento de helicóptero particular, abastecimento de jatinho próprio e até multa por atraso em pagamento de contas.

 

Na Câmara, cada deputado tem direito a uma verba que varia entre R$ 36 mil e R$ 51 mil para despesas no exercício do cargo, dependendo do quão distante seu Estado está de Brasília. O parlamentar faz o gasto e entrega a nota fiscal para a Casa legislativa, que tem uma equipe técnica para analisar os registros e definir se vai efetuar o reembolso ou bloquear o valor. Desde fevereiro deste ano, além da verba parlamentar, deputados federais recebem R$ 44.008,52 mensais de salário.

 

O deputado João Carlos Bacelar (PL-BA) foi um dos que tiveram nota rejeitada pela Câmara e reclama. “R$ 9 mil por mês para o cidadão comum é muito dinheiro. Mas para um parlamentar atuante, isso não é nada”, diz. Ele se refere ao limite de R$ 9,3 mil que cada um dos 513 deputados pode usar por mês para cobrir gastos com combustível. Bacelar também usa o benefício para abastecer seu próprio avião bimotor e afirma que gasta cerca de R$ 50 mil mensais para manter a aeronave que, segundo ele, é usada em atividade parlamentar.

 

Na análise das notas, a Câmara pode se recusar a reembolsar os valores quando eles ultrapassam o limite dos gastos, quando apresentam despesas que não estão cobertas pela verba parlamentar ou quando não há comprovação do valor cujo reembolso foi solicitado. Por conta de valores acima do limite, a Casa já barrou reembolsos para gastos com telefonia, manutenção de escritório, divulgação de atividade parlamentar e passagens aéreas.

 

A Câmara, porém, não divulga a justificativa para impedir o ressarcimento de cada uma das notas. Procurada, a Casa se recusou a fornecer detalhes desse processamento e não quis esclarecer se os deputados e seus assessores são orientados previamente sobre como não abusar do pedido de reembolso com base na cota parlamentar. A assessoria sugeriu que fosse encaminhado um pedido formal com base na Lei de Acesso à Informação, o que permitiria à instituição só responder em 30 dias.

 

Organizações que trabalham com transparência e anticorrupção criticam a decisão da Câmara e dizem que postura prejudica a transparência. “É um problema muito simples de resolver que não deveria nem existir”, avalia Marina Atoji, do Transparência Brasil.

 

“A Lei de Acesso à Informação não foi criada para servir como escudo para obstruir o fornecimento de informações. A Câmara deveria informar”, afirma Roberto Livianu, presidente do Instituto Não Aceito Corrupção, mencionando a importância de o cidadão ter acesso a essas informações. “Existem brechas no controle. Há situações detectadas e outras que podem não ser detectadas.”

 

Como revelou o Estadão, há casos de pedidos de reembolso irregular que acabam passando despercebidos pelo sistema de análise das notas fiscais. O deputado Pedro Aihara (PRD-MG), por exemplo, teve gastos com bebidas alcoólicas pagos pela Câmara, mas o reembolso desse tipo de despesa é vedado pelas regras da Casa.

 

Aihara alegou erro técnico, a Câmara reconheceu a falha e notificou o deputado, que devolveu o valor que tinha sido ressarcido.

 

Deputados ultrapassam limite de gastos da cota e usam recurso para aluguel de carro de R$ 17 mil e estacionamento de helicóptero particular

 

O deputado Lula da Fonte (PP-PE) foi o parlamentar que teve o maior valor de reembolso bloqueado pela Casa no período analisado. Foram R$ 61,4 mil barrados entre 2023 e 2024. Parlamentar de primeiro mandato, ele alugou um Mitsubishi Pajero no valor de cerca de aproximadamente R$ 17 mil e pediu o ressarcimento do valor algumas vezes. No entanto, deputados têm um limite de R$12.713 para gastos com aluguel de automóveis.

Procurado, ele diz que o veículo é blindado e que não tem nada de errado no reembolso. “Pago mais de R$ 4 mil por mês do meu próprio bolso”, afirma.

 

Como mostrou o Estadão, em janeiro de 2023, em campanha para se reeleger no comando da Câmara, o deputado Arthur Lira (PP-AL) reajustou o repasse da cota parlamentar e aumentou o limite para gasto com combustíveis para R$ 9.392. Mesmo assim, a Câmara barrou R$ 40,9 mil nessa modalidade de gasto apenas em 2024. Esses impedimentos ocorreram, em sua maioria, em razão de parlamentares que gastaram acima do limite.

 

É o caso de João Carlos Bacelar, que teve o maior valor retido ne período. A Câmara barrou R$ 4.671,15 dele, que usa a cota parlamentar para abastecer o próprio avião bimotor. “De um ponto a outro da Bahia você tem quase mil quilômetros em linha reta. Percorro o Estado da Bahia de avião”, diz ele, justificando o uso do avião para o trabalho parlamentar.

 

O deputado diz que o valor de R$ 1,6 milhão barrado pela Câmara, considerando os 513 parlamentares “não é nada”. “Eu gasto 50 mil por mês, do meu bolso, para atividade parlamentar”, afirma Bacelar, que está no quinto mandato.

 

Como mostrou o Estadão, quando ainda era deputado federal, Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), à época do União Brasil, gastou R$ 200 mil reais da cota parlamentar da Câmara ao longo de cinco anos para comprar combustível num posto de gasolina de um sócio dele mesmo.

 

Na lista de despesas não pagas pela Câmara está ainda o valor de R$ 1.250 da deputada Magda Mofatto (PRD-GO). Ela usa a cota parlamentar para custear um serviço mensal de estacionamento de seu helicóptero particular e um atendimento aeroportuário pernoite de dois dias também para a aeronave.

 

A deputada estourou o limite mensal imposto de R$ 2.700 pela Câmara para o pagamento de táxi, estacionamento ou pedágio em março e abril em razão de seu helicóptero particular.

 

O gabinete da deputada informou que o impedimento foi feito em relação ao valor limite, mas a parlamentar não respondeu se avalia ser excessivo pedir para a Câmara reembolsar gastos com estacionamento de helicóptero.

 

Reembolso até de multa por atraso em pagamento de boleto

Entre as notas barradas pela Câmara, há R$ 184 mil apenas no pagamento de contas telefônicas. Segundo servidores da Casa, há casos em que a conta deixa de ser paga na data do vencimento e quando a nota é apresentada com pedido de reembolso, o parlamentar inclui o valor da multa por atraso, o que a Câmara não aceita. O Estadão encontrou o caso de uma nota que teve R$ 9 “glosados” (não pagos) porque esse valor se referia à multa por atraso.

 

Em meio deste ano, o deputado Carlos Jordy (PL-RJ) pediu reembolso de R$ 12 mil da Câmara sobre gasto relativo ao uso da manutenção de seu perfil nas redes sociais. A Câmara barrou R$ 9,6 mil.

 

Procurado, o gabinete do deputado informou o motivo. Segundo a equipe, a devolução ocorreu em razão de o deputado ter permanecido apenas cinco dias de maio como parlamentar, já que ele pediu licença para se dedicar à campanha à prefeitura de Niterói (RJ). Assim, a Câmara o ressarciu em um valor proporcional ao tempo em que ele permaneceu no exercício da função.

 

Em fevereiro, o deputado Átila Lins (PSD-AM) pediu reembolso de uma passagem aérea no valor de R$ 21,8 mil. A Câmara barrou o pagamento desse valor e o deputado pediu sigilo da nota fiscal. Procurado, ele não se manifestou.

 
 
 

Gasto com helicóptero, avião e aluguel de carro blindado; Câmara barra notas fiscais de deputados

Por Levy Teles / O ESTAD DE SP

 

BRASÍLIA — A Câmara dos Deputados barrou cerca de R$ 1,6 milhão em gastos feitos por parlamentares entre 2023 e 2024. Os deputados queriam que a Casa legislativa reembolsasse despesas como estacionamento de helicóptero particular, abastecimento de jatinho próprio e até multa por atraso em pagamento de contas.

 

Na Câmara, cada deputado tem direito a uma verba que varia entre R$ 36 mil e R$ 51 mil para despesas no exercício do cargo, dependendo do quão distante seu Estado está de Brasília. O parlamentar faz o gasto e entrega a nota fiscal para a Casa legislativa, que tem uma equipe técnica para analisar os registros e definir se vai efetuar o reembolso ou bloquear o valor. Desde fevereiro deste ano, além da verba parlamentar, deputados federais recebem R$ 44.008,52 mensais de salário.

 

O deputado João Carlos Bacelar (PL-BA) foi um dos que tiveram nota rejeitada pela Câmara e reclama. “R$ 9 mil por mês para o cidadão comum é muito dinheiro. Mas para um parlamentar atuante, isso não é nada”, diz. Ele se refere ao limite de R$ 9,3 mil que cada um dos 513 deputados pode usar por mês para cobrir gastos com combustível. Bacelar também usa o benefício para abastecer seu próprio avião bimotor e afirma que gasta cerca de R$ 50 mil mensais para manter a aeronave que, segundo ele, é usada em atividade parlamentar.

 

Na análise das notas, a Câmara pode se recusar a reembolsar os valores quando eles ultrapassam o limite dos gastos, quando apresentam despesas que não estão cobertas pela verba parlamentar ou quando não há comprovação do valor cujo reembolso foi solicitado. Por conta de valores acima do limite, a Casa já barrou reembolsos para gastos com telefonia, manutenção de escritório, divulgação de atividade parlamentar e passagens aéreas.

 

A Câmara, porém, não divulga a justificativa para impedir o ressarcimento de cada uma das notas. Procurada, a Casa se recusou a fornecer detalhes desse processamento e não quis esclarecer se os deputados e seus assessores são orientados previamente sobre como não abusar do pedido de reembolso com base na cota parlamentar. A assessoria sugeriu que fosse encaminhado um pedido formal com base na Lei de Acesso à Informação, o que permitiria à instituição só responder em 30 dias.

 

Organizações que trabalham com transparência e anticorrupção criticam a decisão da Câmara e dizem que postura prejudica a transparência. “É um problema muito simples de resolver que não deveria nem existir”, avalia Marina Atoji, do Transparência Brasil.

 

“A Lei de Acesso à Informação não foi criada para servir como escudo para obstruir o fornecimento de informações. A Câmara deveria informar”, afirma Roberto Livianu, presidente do Instituto Não Aceito Corrupção, mencionando a importância de o cidadão ter acesso a essas informações. “Existem brechas no controle. Há situações detectadas e outras que podem não ser detectadas.”

 

Como revelou o Estadão, há casos de pedidos de reembolso irregular que acabam passando despercebidos pelo sistema de análise das notas fiscais. O deputado Pedro Aihara (PRD-MG), por exemplo, teve gastos com bebidas alcoólicas pagos pela Câmara, mas o reembolso desse tipo de despesa é vedado pelas regras da Casa.

 

Aihara alegou erro técnico, a Câmara reconheceu a falha e notificou o deputado, que devolveu o valor que tinha sido ressarcido.

 

Deputados ultrapassam limite de gastos da cota e usam recurso para aluguel de carro de R$ 17 mil e estacionamento de helicóptero particular

 

O deputado Lula da Fonte (PP-PE) foi o parlamentar que teve o maior valor de reembolso bloqueado pela Casa no período analisado. Foram R$ 61,4 mil barrados entre 2023 e 2024. Parlamentar de primeiro mandato, ele alugou um Mitsubishi Pajero no valor de cerca de aproximadamente R$ 17 mil e pediu o ressarcimento do valor algumas vezes. No entanto, deputados têm um limite de R$12.713 para gastos com aluguel de automóveis.

Procurado, ele diz que o veículo é blindado e que não tem nada de errado no reembolso. “Pago mais de R$ 4 mil por mês do meu próprio bolso”, afirma.

 

Como mostrou o Estadão, em janeiro de 2023, em campanha para se reeleger no comando da Câmara, o deputado Arthur Lira (PP-AL) reajustou o repasse da cota parlamentar e aumentou o limite para gasto com combustíveis para R$ 9.392. Mesmo assim, a Câmara barrou R$ 40,9 mil nessa modalidade de gasto apenas em 2024. Esses impedimentos ocorreram, em sua maioria, em razão de parlamentares que gastaram acima do limite.

 

É o caso de João Carlos Bacelar, que teve o maior valor retido ne período. A Câmara barrou R$ 4.671,15 dele, que usa a cota parlamentar para abastecer o próprio avião bimotor. “De um ponto a outro da Bahia você tem quase mil quilômetros em linha reta. Percorro o Estado da Bahia de avião”, diz ele, justificando o uso do avião para o trabalho parlamentar.

 

O deputado diz que o valor de R$ 1,6 milhão barrado pela Câmara, considerando os 513 parlamentares “não é nada”. “Eu gasto 50 mil por mês, do meu bolso, para atividade parlamentar”, afirma Bacelar, que está no quinto mandato.

 

Como mostrou o Estadão, quando ainda era deputado federal, Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), à época do União Brasil, gastou R$ 200 mil reais da cota parlamentar da Câmara ao longo de cinco anos para comprar combustível num posto de gasolina de um sócio dele mesmo.

 

Na lista de despesas não pagas pela Câmara está ainda o valor de R$ 1.250 da deputada Magda Mofatto (PRD-GO). Ela usa a cota parlamentar para custear um serviço mensal de estacionamento de seu helicóptero particular e um atendimento aeroportuário pernoite de dois dias também para a aeronave.

 

A deputada estourou o limite mensal imposto de R$ 2.700 pela Câmara para o pagamento de táxi, estacionamento ou pedágio em março e abril em razão de seu helicóptero particular.

 

O gabinete da deputada informou que o impedimento foi feito em relação ao valor limite, mas a parlamentar não respondeu se avalia ser excessivo pedir para a Câmara reembolsar gastos com estacionamento de helicóptero.

 

Reembolso até de multa por atraso em pagamento de boleto

Entre as notas barradas pela Câmara, há R$ 184 mil apenas no pagamento de contas telefônicas. Segundo servidores da Casa, há casos em que a conta deixa de ser paga na data do vencimento e quando a nota é apresentada com pedido de reembolso, o parlamentar inclui o valor da multa por atraso, o que a Câmara não aceita. O Estadão encontrou o caso de uma nota que teve R$ 9 “glosados” (não pagos) porque esse valor se referia à multa por atraso.

 

Em meio deste ano, o deputado Carlos Jordy (PL-RJ) pediu reembolso de R$ 12 mil da Câmara sobre gasto relativo ao uso da manutenção de seu perfil nas redes sociais. A Câmara barrou R$ 9,6 mil.

 

Procurado, o gabinete do deputado informou o motivo. Segundo a equipe, a devolução ocorreu em razão de o deputado ter permanecido apenas cinco dias de maio como parlamentar, já que ele pediu licença para se dedicar à campanha à prefeitura de Niterói (RJ). Assim, a Câmara o ressarciu em um valor proporcional ao tempo em que ele permaneceu no exercício da função.

 

Em fevereiro, o deputado Átila Lins (PSD-AM) pediu reembolso de uma passagem aérea no valor de R$ 21,8 mil. A Câmara barrou o pagamento desse valor e o deputado pediu sigilo da nota fiscal. Procurado, ele não se manifestou.

Bolsonaro é defendido por Moro, e base de Lula fala em prisão após indiciamento por joias

Matheus Tupina / FOLHA DE SP

 

 

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi defendido pelo senador e ex-juiz da Operação Lava JatoSergio Moro (União Brasil-PR), e por outros congressistas bolsonaristas após ser indiciado pela Polícia Federal sob suspeita de peculato, lavagem de dinheiro e associação criminosa no caso das joias recebidas de governos estrangeiros.

A base de Lula (PT), por outro lado, comemorou o indiciamento e passou a falar nas redes sociais, em tom de ironia, na proximidade da prisão do ex-mandatário. Alguns líderes mais próximos ao petista, como André Janones (Avante-MG) e Gleisi Hoffmann (PT-PR), comentaram o desfecho da investigação.

O indiciamento joga mais pressão sobre o ex-presidente às vésperas de conferência conservadora que reunirá aliados dele e o líder da Argentina, Javier Milei, em Balneário Camboriú (litoral de Santa Catarina).

Moro comparou a situação do ex-mandatário com a de Lula e disse que o petista não foi indiciado "por se apropriar de presentes" recebidos em seus mandatos anteriores. "Mesmo durante a Lava Jato tudo foi tratado como uma infração administrativa dada a ambiguidade da lei. Os crimes foram outros. Há uma notável diferença de tratamento entre situações similares", disse o senador em rede social.

Já o deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), uma das principais lideranças evangélicas na política, afirmou que o ex-mandatário sofre perseguição política, e disse que não há dano ao erário se o presente tenha sido devolvido à União, prestando irrestrita solidariedade ao ex-presidente.

"Alguém ganha um presente, uma comissão de servidores públicos decide que ele é seu. O TCU [Tribunal de Contas da União] questiona e o presente é devolvido à União. Não há dano ao erário! Aí vem a PF, escolhido a dedo para a missão, indicia a um ex-presidente", ressaltou o congresissta nas redes.

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho "01" do ex-mandatário, seguiu na mesma linha e alegou perseguição política a seu pai. Acompanharam-no os irmãos Eduardo Carlos.

Já entre a base do governo, Janones chegou a afirmar que o ex-presidente "pode ser preso a qualquer momento". O senador Humberto Costa (PT-PE) republicou a notícia do indiciamento e comentou "tic tac", referindo-se a uma aproximação da hora da reclusão de Bolsonaro.

Já Gleisi, presidente nacional do PT, disse que o ato é um passo na busca da verdade e que a conclusão do inquérito representa "apenas uma das muitas contas que ele terá de prestar pelos crimes que cometeu contra o país". "Quem está a caminho do banco dos réus é você", falou a deputada.

Outro aliado de Lula, Lindbergh Farias (PT-RJ) publicou vídeo comentando o fim das investigações e afirmou que Bolsonaro será preso "por uma série de crimes".

"Aí é comprar a pipoca e ir para a frente da televisão para assistir esse primeiro julgamento", disse. Em texto, ele ainda escreveu o "tic tac", como Humberto Costa.

Bolsonaro foi indiciado sob suspeita dos crimes de associação criminosa (com previsão de pena de reclusão de 1 a 3 anos), lavagem de dinheiro (3 a 10 anos) e peculato/apropriação de bem público (2 a 12 anos).

O relatório da PF vai para a análise da Procuradoria-Geral da República, que pode pedir mais diligências ou já apresentar uma denúncia (acusação formal). Só depois dessa etapa a Justiça avaliará se os suspeitos se tornarão réus. Caso não se justifique uma ordem de prisão preventiva, eventual detenção dele ocorreria somente após o julgamento e o esgotamento dos recursos.

Além de Bolsonaro, outras dez pessoas também foram indiciadas pela PF sob suspeita de associação criminosa, como os aliados Mauro Cid, Fabio Wajngarten e Frederick Wassef, assim como o general da reserva Mauro Cesar Lourena Cid, pai de Mauro Cid, e o ex-assessor Osmar Crivelatti.

Declarado inelegível pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) até 2030, o ex-presidente já havia sido indiciado em março pela PF em outro inquérito, envolvendo a falsificação de certificados de vacinas contra a Covid-19.

Além do caso da venda das joias e da carteira de vacinação, Bolsonaro é alvo de outras linhas de investigações, que apuram os crimes de tentativa de golpe de Estado e de abolição violenta do Estado democrático de Direito, incluindo os ataques de 8 de janeiro de 2023.

Parte dessas apurações está no âmbito do inquérito das milícias digitais relatado por Moraes e instaurado em 2021, que podem em tese resultar na condenação de Bolsonaro em diferentes frentes.

A regulamentação do destino de presentes recebidos por chefes de Estado ocorreu inicialmente em 2002, quando a primeira versão de um decreto dizia que só os itens recebidos em eventos denominados de "cerimônias de troca de presentes" deveriam ser incorporados à União.

A nova determinação, de 2016 e criada pelo TCU (Tribunal de Contas da União), ampliou o entendimento e passou a determinar que o recebimento de presentes em qualquer cerimônia com outros chefes de Estado deveria ser considerado patrimônio público, sendo excluídos apenas os itens de natureza personalíssima.

Auditoria realizada pelo TCU constatou que 568 bens recebidos por Lula, no período de 2003 a 2010, deveriam ser localizados e devolvidos à União. A maioria dos bens foi entregue, segundo a corte. Só ficou pendente a devolução de oito itens recebidos por Lula, que somavam R$ 11.748,40.

No caso do petista, como os itens não puderam ser localizados, foi acordado o pagamento do valor total dos bens. A quantia foi quitada em dez parcelas de R$ 1.174,84.

 

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