PL tem resultado histórico nas capitais do Nordeste e PT tem dois candidatos no segundo turno
Por Levy Teles / O ESTADÃO DE SP
BRASÍLIA – O PL elegeu um prefeito e conseguiu levar mais candidatos para o segundo turno em capitais da Região Nordeste do que o PT, partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em 2020, a sigla não tinha nenhum nome eleito nas capitais nordestinas.
A sigla do ex-presidente Jair Bolsonaro venceu no primeiro turno em Maceió, com João Henrique Caldas (PL), o JHC, e terá nomes em Aracaju, João Pessoa e Fortaleza no dia 27 de outubro. Os petistas, por outro lado, estarão na próxima rodada em Fortaleza e em Natal.
A capital cearense, aliás, terá um confronto direto entre os dois partidos. O deputado federal André Fernandes (PL-CE) vai para o segundo turno contra o presidente da Assembleia Legislativa do Ceará, Evandro Leitão (PT), num do pleitos mais disputados e relevantes na região.
O bolsonarismo fará seu primeiro teste em uma eleição majoritária no Ceará e aposta num dos seus principais quadros nacionais. Leitão, por sua vez, é uma aposta do ministro da Educação, Camilo Santana, que pretende manter sua relevância no Estado.
Fernandes terminou o primeiro turno à frente de Leitão. Ele tem um histórico de sucessos eleitorais. Em 2018, foi o deputado estadual mais votado, e repetiu o feito em 2022, quando migrou para a Câmara dos Deputados, em Brasília.
Até o segundo turno, ele terá o desafio de lidar com a grande rejeição do cidadão fortalezense a Bolsonaro. Última pesquisa AtlasIntel, divulgada no sábado, 5, mostra que o ex-presidente é rejeitado por 66% dos fortalezenses, enquanto Camilo Santana tem a aprovação de 59% do público e Lula tem 51%. Esses devem ser os principais ativos dos candidatos na busca por votos.
O PL também liderou no primeiro turno em Aracaju. Emília Corrêa (PL) tem uma boa vantagem ante Luiz Roberto (PDT). Na capital sergipana, a petista Candisse Carvalho acabou na quarta posição.
Em João Pessoa, a sigla de Bolsonaro terá que embalar uma grande virada. Por lá, o atual prefeito Cícero Lucena (PP) quase ganhou no primeiro turno. Ele terá como adversário o ex-ministro da Saúde Marcelo Queiroga (PL).
Haverá disputa de deputados federais em Natal. Paulinho Freire (União-RN) disputará a prefeitura contra Natália Bonavides (PT-RN).
Nas demais capitais nordestinas, vitórias em primeiro turno, com a maioria sem demais surpresas, com o União já garantindo duas prefeituras.
O prefeito de Recife João Campos (PSB), apoiado pelo PT, garantiu a reeleição com facilidade, assim como também os incumbentes em Salvador, Bruno Reis (União), em Maceió, JHC, e em São Luís, Eduardo Braide (PSD). Em Teresina, venceu o ex-prefeito Silvio Mendes (União).
O PT tem cenários difíceis em outras cidades relevantes da região. Em Caucaia (CE), segunda cidade mais populosa do Estado, Catanho (PT) vai para o segundo turno apenas por uma diferença de oito votos em relação a Emília Pessoa (PSDB). Ele vai para o segundo turno contra Naumi Amorim (PSD). Coronel Aginaldo (PL), marido da deputada Carla Zambelli (PL-CE), acabou em último na cidade.
A ex-secretária-executiva do ministério da Educação Izolda Cela (PSB), apoiada por Camilo Santana e pelo prefeito Ivo Gomes (PSB), perdeu em Sobral (CE) — reduto da família Ferreira Gomes — para o deputado estadual Oscar Rodrigues (União).
Houve outra derrota significativa para o PT em Feira de Santana (BA). O deputado federal Zé Neto (PT-BA) tinha chances de garantir uma vitória importante na segunda maior cidade da Bahia. Ele acabou derrotado pelo ex-prefeito da cidade José Ronaldo (União), do grupo do ex-prefeito de Salvador, ACM Neto (União).
Direita, centro, esquerda? Saiba quem levou as prefeituras nos 100 municípios mais ricos do agro
Por Isadora Duarte (Broadcast) / O ESTADÃO DE SP
BRASÍLIA - O União Brasil e o PL ganharam quase metade das prefeituras dos 100 municípios mais ricos do agronegócio do País. Os partidos venceram em 47 cidades com maior Valor da Produção Agrícola (VBP) nacional. O União venceu em 25, ou um quarto do total, e o PL levou a vitória em 22. Os números reiteram a predominância da centro-direita nos municípios agrícolas e o alinhamento de líderes e entidades do setor produtivo ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
Juntos, estes municípios concentram 16% do VBP nacional, somando R$ 130,405 bilhões do total de R$ 814,508 bilhões. Levantamento feito pelo Estadão/Broadcast Agro cruzou dados dos municípios com maior valor da produção da pesquisa anual de Produção Agrícola Municipal (PAM) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referentes a 2023, com os dados de votação das prefeituras de cada município disponíveis no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Na sequência entre os partidos que conquistaram maior número de prefeituras nos municípios mais ricos do agro, o MDB aparece com 18, distribuídas sobretudo em Goiás, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. Do total das 100 cidades que figuram no ranking, o Republicanos e o Partido Progressistas (PP) ganharam o comando municipal em oito municípios cada, em especial em Mato Grosso, Maranhão, Minas Gerais e Bahia. O PSD, que elegeu o maior número de prefeitos no primeiro turno, ganhou em apenas quatro dos 100 municípios mais ricos do agro, sendo dois na Bahia. Também aparecem nesse recorte de municípios, prefeitos do PSDB, PSB, PT, Democracia Cristã e Partido da Renovação Democrática (PRD), mas em menor proporção.
Somando as legendas alinhadas ao Centrão, o grupo de partidos políticos responde por 66 das prefeituras dos 100 municípios mais ricos do agronegócio - considerando União Brasil, MDB, Republicanos, PP e PSD. Ainda entre os 100 municípios, um terá disputa definida no segundo turno, em outros dois o pleito eleitoral está sub judice e na capital federal não há eleição para prefeito.
No topo da lista com maior valor da produção agrícola está Sorriso (MT), polo produtor de grãos, onde foi eleito o prefeito Alei Fernandes (União Brasil), com 51,33% dos votos válidos. Entre os 10 maiores VBPs da lista, o placar de partidos é de quatro prefeituras conquistadas pelo União Brasil (Sorriso, Diamantino, Nova Ubiratã e Nova Mutum, todas em Mato Grosso), duas para o PL (Campo Novo dos Parecis, MT, e Jataí, GO), e um município cada para PP (São Desidério, BA), Republicanos (Sapezal, MT), MDB (Rio Verde, GO) e PSD (Formosa do Rio Preto, BA).
O líder entre as legendas com maior presença nos municípios agrícolas, o União Brasil liderou em prefeituras conquistadas em Mato Grosso, maior Estado produtor de grãos e carne bovina do País, em 16 municípios. O União venceu também em quatro dos municípios mais ricos do agro de Goiás. Em comum, ambos Estados são liderados por governadores do União e com gestões bem avaliadas entre a população local, Mauro Mendes em Mato Grosso e Ronaldo Caiado em Goiás. O PL teve a sua maior presença entre os municípios mais ricos do agro em Mato Grosso, onde conquistou 10 prefeituras com os maiores VBPs agrícolas.
Economia e costumes
Para o consultor político e diretor-executivo da Action Consultoria, João Henrique Hummel, o resultado reflete as estruturas dos Estados de economia intrinsecamente agrícolas, como Mato Grosso. “A forças desses partidos nos municípios vem da estrutura dos Estados que estão localizados em áreas de maior representatividade do agronegócio. E o agro se aproveita desse movimento para ter representatividade junto às forças políticas”, afirmou Hummel. Ele foi um dos fundadores da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) e acompanha as relações entre agronegócio e política.
O consultor observa que o maior alinhamento do agronegócio aos partidos de centro-direita deve-se à pauta econômica - de menor intervenção estatal - e de costumes - ligada a armamento, segurança e direito à propriedade privada. “O centrão vai ser o grande parceiro do agro, porque a agricultura ganha, cada vez mais, importância no cenário internacional e no sistema macroeconômico do País. Como os partidos do centrão são pragmáticos terão de se aproximar da agricultura para dar sustentação à economia brasileira”, observou.
Bolsonaro ganha com avanço da direita, mas vê campo dividido e novos protagonistas
Marianna Holanda / FOLHA DE SP
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) teve ganhos políticos com o avanço da direita no primeiro turno das eleições municipais de 2024, mas viu esse campo fragmentado em algumas cidades e o surgimento de novos protagonistas.
O destaque que bolsonaristas buscam dar para esse primeiro turno é a fotografia geral. Como mostrou a Folha, nomes apoiados pelo ex-presidente tiveram ampla vantagem sobre os de Lula (PT) nas 103 maiores cidades do país.
O PL não fez as mil prefeituras planejadas, mas conseguiu o comando de 510 municípios, tornando-se a quinta maior força eleitoral do país. Para aliados de Bolsonaro, ainda que não seja direta e certeira a relação com 2026, cria-se uma antessala positiva com a consolidação da direita na preferência do eleitorado.
Esses aliados minimizam derrotas, que chamam de pontuais. Para eles, a fragmentação da direita em algumas cidades, como São Paulo ou Goiânia, faz parte do processo de amadurecimento político do campo.
Mas a consequência desse cenário de crescimento da direita foi o fortalecimento de novos nomes. Desde Pablo Marçal (PRTB), que não contou com o apoio aberto de Bolsonaro, até o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), que nacionalizou sua influência e também viajou para fazer prefeitos e vereadores fora do seu estado.
Mais notadamente na capital paulista, onde o ex-presidente evitou colocar seu peso na campanha de Ricardo Nunes (MDB), os louros de chegar ao segundo turno ficaram com o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), hoje tido como o principal dos presidenciáveis bolsonaristas.
O comportamento de Bolsonaro em São Paulo foi visto como errático por aliados, que afirmam que, ao tentar manter um pé em cada canoa, o ex-presidente perdeu a oportunidade de sair como padrinho do sucesso de Nunes.
Bolsonaro teve medo de apoiar o emedebista mais abertamente e se indispor com parte do seu eleitorado, que, apesar dos apelos e da indicação do bolsonarista Mello Araújo para a vice de Nunes, escolheram Pablo Marçal (PRTB) nas urnas.
Com uma pequena diferença dos dois primeiros colocados, Marçal ficou de fora do segundo turno, mesmo com o apoio de importante parcela do bolsonarismo. Seu futuro político, contudo, ainda é visto como incógnita por aliados do ex-presidente —o próprio Marçal disse que almeja disputar em 2026.
Agora, Bolsonaro promete entrar com maior intensidade na campanha contra Guilherme Boulos (PSOL). Aliados do emedebista não descartam o apoio, mas lembram que a rejeição do ex-presidente pode não ajudar.
A direita rachou ainda em Goiânia, onde os candidatos Fred Rodrigues (PL) e Sandro Mabel (União Brasil) disputam o segundo turno. Mabel tem o apoio do governador Ronaldo Caiado (União Brasil), que também disputa o espólio eleitoral de Bolsonaro para 2026.
Já em Campo Grande, Bolsonaro preferiu apoiar Beto Pereira (PSDB), em detrimento de Adriane Lopes (PP), que chegou ao segundo turno em primeiro lugar com apoio de Tereza Cristina (PP).
Em Curitiba, foram dois candidatos de direita para o segundo turno. A surpresa foi Cristina Graeml (PMB), ex-comentarista da Jovem Pan que despontou sem tempo de TV ou recursos, mas com vídeos nas redes sociais de apoio de Bolsonaro e até Marçal.
O ex-presidente apoiou inicialmente a chapa de Eduardo Pimentel (PSD), cuja vice é do PL, mas debandou para Graeml, para quem gravou vídeo na reta final da campanha: "Torço por você, ponto final".
Bolsonaro viajou para quase 90 cidades neste ano. Desde o início do primeiro turno, em 16 de agosto, foram 57 municípios visitados, segundo levantamento da Folha. O que desponta é o Rio de Janeiro, onde centrou seus esforços para tentar eleger o deputado federal Alexandre Ramagem (PL).
Ele conseguiu alcançar 31% na capital carioca, mas perdeu no primeiro turno para Eduardo Paes (PSD). Em Angra dos Reis, Bolsonaro dedicou especial empenho para eleger o amigo empresário Renato Araújo (PL), mas ele também foi derrotado.
Um aliado de Bolsonaro diz que o clima no QG foi de vitória pelas demais cidades do país e especialmente no Rio de Janeiro. O partido do ex-presidente se tornou a legenda com a maior quantidade de municípios do estado, o mesmo do seu número de urna, 22.
Além disso, ele conseguiu eleger Carlos Bolsonaro (PL) e Jair Renan (PL) vereadores no Rio e em Balneário Camboriú (SC), respectivamente. Ambos foram os mais votados nas cidades.
Bolsonaro conseguiu ainda um novo feito nesta campanha municipal: avançar sobre o Nordeste, tradicional reduto da esquerda. O seu partido elegeu JHC em Maceió e ainda chega ao segundo turno em Fortaleza com André Fernandes (PL), outra jovem liderança do bolsonarismo.
Centro e direita, mais uma vez, avançam no país
O bom desempenho dos partidos do centro à direita e os resultados apagados da esquerda chamaram a atenção, mais uma vez, nas eleições deste 2024. Trata-se de tendência evidente desde o pleito municipal de 2016.
Partidos conservadores ou ligados ao governo de Jair Bolsonaro (PL), como PL, PP e Republicanos, conquistaram cerca de 30% das prefeituras, ante algo em torno de 16% nos anos 2010.
PT, PSB, PDT, PC do B e PSOL, partidos de esquerda e habitualmente associados, chegaram a um pico de 25% das prefeituras em 2012. Neste ano, não deverão ter mais de 13%, ainda que o PSOL esteja na disputa paulistana.
Trio dos partidos que estiveram no centro do jogo político de 1995 a 2010, PMDB, PFL e PSDB elegeram 59% dos prefeitos em 2000; ficaram ainda com 45% das cidades em 2008, em pleno segundo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Desta vez, não devem chegar a 30%.
O MDB —embora ainda forte e com boa chance de se manter no comando da maior cidade do país— perdeu capilaridade; o PSDB elege um quarto dos prefeitos que fazia em 2000. O PFL, depois DEM, recupera-se um pouco graças à fusão com uma ala do PSL que resultou na União Brasil.
Notável também é o avanço do PSD, partido que mais elege prefeitos neste ano (cerca de 16% do total). A sigla anódina, que busca o lugar principal no centro, tem um pé firme na canoa do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) apadrinhado por Bolsonaro, e cargos relevantes na Esplanada de Lula.
A nova configuração parece influenciada por turbulências e mudanças sociais dos anos 2010. A corrupção e a Lava Jato feriram o PT e os partidos principais do establishment. A subsequente e profunda recessão de 2014-16 e o impeachment da petista Dilma Rousseff afetaram a esquerda.
Uma classe média nova passou a encarar de outro modo a atuação do Estado e as alternativas de trabalho e de empreendimento. A disseminação do acesso à internet e as mídias sociais criaram condições para o surgimento de diferentes lideranças e maneiras de encarar política e costumes.
O sucesso de Bolsonaro e de candidatos ditos "outsiders" em 2018 foi sintoma de tais transformações e, ao mesmo tempo, incentivo para que candidaturas e movimentos ideológicos similares se lançassem pelo país.
Esse cenário pode influenciar arranjos. Gilberto Kassab, ex-prefeito de São Paulo, e seu PSD ganham peso. Tarcísio de Feitas deve ser disputado pelo novo centro e pela direita, mesmo que não venha a se lançar à Presidência tão cedo. Não apareceram outros expoentes no espectro da esquerda, que se mantém muito dependente do apelo de Lula.
As eleições municipais reafirmam um processo de redefinição política —ainda incipiente na geração de lideranças nacionais expressivas ou de um projeto organizado e inovador para o país. Que, no entanto, se move.
Lula prevê confronto nacional com bbolsonarismo, mas aliados veem cautela em SP
Catia Seabra , Marianna Holanda , Renato Machado e Victoria Azevedo / FOLHA DE SP
Diante do avanço da direita nas grandes cidades e maiores dificuldades para a esquerda nestas eleições, o presidente Lula (PT) tem avaliado que as disputas de segundo turno permitem um cenário político mais claro para a escolha de locais onde ele pode colocar o seu peso para tentar eleger aliados.
A prioridade do mandatário, segundo interlocutores, será em cidades em que há embates de candidatos petistas ou aliados dos blocos de centro com o bolsonarismo e nomes da direita radical.
Lula já providenciou agendas na cidade de São Paulo para tentar impulsionar a campanha de Guilherme Boulos (PSOL), após críticas de que sua presença no primeiro turno esteve abaixo do esperado. No entanto, aliados questionam a disposição do presidente de partir para o ataque contra o prefeito Ricardo Nunes (MDB).
Lula definiu duas agendas com Boulos antes de embarcar para a Rússia para a cúpula dos Brics —o evento ocorre dos dias 22 a 24 deste mês, e o segundo turno está marcado para o dia 27.
Um dos encontros será na zona leste e outro na zona sul, que costumava ser um feudo petista mas onde Nunes venceu na maior parte dos distritos. O mandatário também vai gravar vídeos de campanhas.
Aliados rebatem nos bastidores a crítica de que houve engajamento menor do presidente por receio de arcar com o ônus de uma eventual derrota. Boulos terminou a primeira votação ligeiramente atrás de Nunes, com 29,07% contra 29,45%.
O argumento de aliados é que Lula está tentando encaixar suas agendas para apoiar os seus candidatos em todo o país, mas sem deixar de ser presidente.
Além disso, criticam a visão de que ele quer fugir da responsabilidade pela derrota, argumentando que o presidente deixa claro sua preferência na cidade de São Paulo. Lembram que ele articulou, por exemplo, a entrada de Marta Suplicy (PT) na chapa do nome do PSOL.
Lula almoçou com Boulos e Marta, na casa do deputado federal Rui Falcão, no domingo (6). Durante o encontro, afirmou que o segundo turno significa uma outra eleição.
Segundo relatos, ele relembrou aos candidatos do pleito presidencial de 2006, quando obteve 12 milhões de votos no segundo turno contra Geraldo Alckmin (então no PSDB), em relação à primeira rodada.
Boulos precisa mostrar, segundo disse Lula, que ele é o candidato que se preocupa com os pobres. Por isso precisa percorrer a periferia, falar com os eleitores e ter habilidade para reverter isso em votos.
Apesar da importância dada a São Paulo, aliados do presidente afirmam que, pelo perfil pragmático dele, o presidente deve evitar fortes ataques a Nunes para não fomentar celeumas em sua base governista —o MDB é um partido aliado, com ministérios no governo. Mesmo que Nunes tenha o apoio de Jair Bolsonaro (PL).
Interlocutores apontam que o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), seria um dos aliados que pediram para Lula evitar confrontos e ataques mais diretos com aliados a nível federal.
Por outro lado, essa cautela não deve ser adotada com adversários identificados mais fortemente com o bolsonarismo. Lula já tem marcadas duas viagens institucionais como presidente, que devem ser emendadas com eventos políticos em capitais consideradas importantes.
A primeira será para Fortaleza, onde o governo e o PT avaliam que há chance de reverter o resultado do primeiro turno, para eleger Evandro Leitão (PT). O adversário é o bolsonarista André Fernandes (PL).
No primeiro turno, Lula frustrou a expectativa de aliados locais e participou somente da convenção que oficializou a candidatura petista.
Lula também deve ir a Belém para participar do Cirio de Nazaré. A capital paraense terá um outro embate de partidos aliados com o bolsonarismo. Lula vai apoiar o candidato da família Barbalho, Igor Normando (MDB), contra o bolsonarista Éder Mauro (PL).
O presidente vai ainda a Porto Alegre para a reabertura do aeroporto Salgado Filho, após as enchentes de maio. A avaliação de petistas e governistas, no entanto, é que a situação de Maria do Rosário (PT) no segundo turno é mais complicada, considerando a vantagem obtida na primeira rodada pelo prefeito Sebastião Melo (MDB), além de ser esse candidato de uma sigla aliada.
O próprio governo vem tratando a vitória dos partidos da base aliada como uma espécie de vitória própria. Nesta segunda (7), o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT), associou o desempenho positivo de partidos do centrão a uma vitória da "frente ampla" contra a extrema direita no país.