Matar ou morrer - JOÃO DOMINGOS
Dizer, como têm dito alguns ministros e auxiliares do presidente Michel Temer, que o resultado da eleição municipal de domingo sepultou a tese do impeachment é forçar um pouco a barra. Até porque a tese do impeachment é política e será repetida por aí até que os partidos de oposição percebam que está superada, como já estava superada na eleição quando o PT tentou nacionalizar a campanha e deu com quase todos os seus burros n’água.
A rejeição aos políticos vence em São Paulo
A surpreendente eleição de João Doria Júnior, do PSDB, a prefeito de São Paulo no primeiro turno, neste domingo (2), não reflete apenas a decadência do PT como força política após as descobertas da Operação Lava Jato e o fracasso de Dilma Rousseff na Presidência. No raciocínio dos políticos tradicionais, do universo paulistano, o resultado concretiza a dualidade de que, sem o PT, o PSDB reina. Essa é uma explicação óbvia, instintiva até, mas reducionista para o momento. Doria venceu uma disputa sui generis, com o PT destruído, num contexto em que as campanhas tiveram pouquíssimo dinheiro e no qual havia um vácuo de grandes lideranças na disputa. Mais do que tudo isso, a vitória de Doria é uma manifestação de repúdio à política profissional.
“A população rechaçou o discurso do golpe” - ISTOÉ
Para o presidente do PSDB, senador Aécio Neves, a derrota do PT, “dizimado” em regiões importantes do País, demonstrou que o partido não possui mais um discurso construtivo que encante o eleitor. Em sua avaliação, a população rejeitou as teses petistas. Para o tucano, o triunfo nas urnas na eleição municipal fortelece o PSDB para 2018 e sugere que a sigla pode vir a se aliar daqui a dois anos a outros vencedores da eleição, como o prefeito reeleito de Salvador, ACM Neto (DEM).
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PT apodrece na corrupção e é varrido do mapa político - ISTOÉ
Partido sofre a pior derrota eleitoral de sua história, perde 50 milhões de votos e vê a narrativa do golpe ser rejeitada pela população. Tenta juntar os cacos para sobreviver, mas se depara com um horizonte sombrio: virou uma sigla nanica, repudiada por seus crimes em larga escala
Como se iluminada por algum dom divino capaz de decifrar os corações e as mentes dos brasileiros, a narrativa petista produziu algumas certezas nos últimos tempos. A mais marcante delas: a de que a periferia das grandes capitais e os grotões do Brasil, ainda inebriados pelos anos de inclusão social e crédito fácil, haviam fechado os olhos à corrupção institucionalizada pelo PT e estavam ao lado do partido para o que desse e viesse. Por isso, o tilintar das panelas durante os panelaços de abril, segundo essa mesma tese, só ecoavam das varandas gourmets e as manifestações que inundaram ruas e avenidas do País só poderiam estar apinhadas de bem-nascidos e de defensores da meritocracia – “mas que receberam tudo na vida de mãos beijadas”, claro.
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Em eleição, também não se faz omelete sem quebrar os ovos
No primeiro turno, dia 2 de outubro de 2016, a abstenção em Fortaleza foi de 288.362 (17,04%) eleitores, enquanto que 82.342 votaram nulo e 35.443, em branco. A soma dos votos não considerados válidos e das abstenções é de 406.147, o que representa 24% do total do eleitorado da capital cearense, de 1.692.657, conforme os dados do Tribunal Superior Eleitoral. Para se ter uma ideia da dimensão, isso supera o números de votos do segundo colocado na disputa pelo pleito da prefeitura.
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