A impossível renovação do Congresso
Há consenso entre analistas políticos que o pacto da Nova República, a ponte de passagem da ditadura militar para a redemocratização, se esgotou. Isso costuma acontecer na História. Os sinais deste esgotamento são vários, e todos desembocam na impopularidade do político e do exercício da política, o que corrói as bases da democracia representativa. Derivam disso graves efeitos colaterais.
Trata-se de mazela que aplaina o terreno, mais do que já está preparado, para líderes carismáticos, populistas, à direita e à esquerda. Procuram-se salvadores, não homens públicos no melhor entendimento do termo. A atual campanha é didática neste sentido.
Amor e ódio na eleição
Eliane Cantanhêde, O Estado de S.Paulo
18 Setembro 2018 | 03h00
Jair Bolsonaro (PSL) é campeão de intenções de votos, mas também de rejeição. Fernando Haddad (PT) é quem mais cresce nas pesquisas, mas isso tem preço: quanto mais é conhecido e mais cresce, mais sua rejeição aumenta, praticamente na mesma rapidez e proporção.
Assim como encanta eleitores homens e de alta escolaridade, Bolsonaro é rechaçado por jovens, metade das mulheres e boa parte do eleitorado de baixa renda. E Haddad, assim como colhe os votos do ex-presidente Lula, herda a rejeição ao PT, que é muito forte, consolidada.
É nesse clima de “amor e ódio” aos dois líderes das pesquisas que o primeiro turno vai chegando ao fim, com os candidatos nervosos, suas equipes batendo cabeça e todos cometendo erros gritantes. A ansiedade bate à porta de uns e o desespero, à porta dos demais. O risco é o vale-tudo.
Verba pública que bancou candidatura cenográfica de Lula não foi devolvida
Até o momento, o PT já gastou em sua campanha presidencial algo como R$ 26 milhões. Dinheiro majoritariamente público. O grosso serviu para cobrir despesas da candidatura-fantasma de Lula. E o partido trata a verba do contribuinte como pasta de dente que deixou o tubo. Não cogita devolver. Incorporou as cifras à contabilidade da campanha do substituto Fernando Haddad. E espera que tudo fique por isso mesmo.
Dilma tardia
CARLOS ANDREAZZA
Nada me parecia mais exótico nesta excêntrica corrida eleitoral do que a absoluta ausência, do que a inexploração, do maior trauma político do Brasil recente: Dilma Rousseff — entre os mais doridos baques da história eleitoral brasileira. Uma obviedade. No entanto, até semana passada era como se Dilma — a tragédia Dilma, ativo potencial poderoso na mão dos adversários — jamais houvesse existido.
Por quê?
Para muitos, dirá em breve o povo de Minas Gerais, a ex-presidente teria sofrido suficientemente, pagado já sua conta, com o processo de impeachment; e então se tornado café com leite, poupada de ter exposto o conjunto de crimes e incompetências que caracterizou sua presidência, e aparentemente desejada até para o Senado. Eis uma hipótese. Essa, contudo, seria uma história relativa ao eleitorado. Mas: e os adversários?
Ministro do TSE suspende propaganda do PT com mensagem de Lula
Rafael Moraes Moura e Amanda Pupo
17 Setembro 2018 | 20h20 o estadão
O ministro Sérgio Banhos, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), decidiu suspender a veiculação de uma propaganda da campanha presidencial do PT exibida na última quinta-feira (13) na TV com mensagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), preso e condenado na Operação Lava Jato. Banhos atendeu a um pedido formulado pela defesa do candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, e da coligação “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”, formada por PSL e PRTB.
Para Bolsonaro e sua coligação, a peça publicitária enaltece a figura de Lula, deixando à margem a figura do ex-ministro Fernando Haddad (PT), que assumiu a cabeça da chapa.
Entenda como uma decisão de Barroso impede indulto a Lula
Marcelo Godoy, O Estado de S.Paulo
17 Setembro 2018 | 20h20
Mesmo que fosse o desejo de um novo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, preso e condenado a 12 anos e 1 mês de prisão pela Lava Jato, tem o caminho para receber um indulto atualmente impedido por quatro pontos de uma decisão do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF). Em março, Barroso tornou sem efeito quatro pontos do decreto de indulto de Natal assinado pelo presidente Michel Temer, em 2017. O tema voltou ao debate político após o PT confirmar Fernando Haddad como candidato à Presidência - o ex-prefeito tem evitado o assunto.
A decisão de Barroso é liminar e ainda precisa ser referendada pelo plenário do Supremo.Neste caso o colegiado da Corte decidirá sobre o mérito do caso, confirmando ou não o entendimento do ministro. Para tanto, a questão deve ser pautada pelo presidente do STF, Dias Toffoli.