Fux não único ministro do STF a discordar de Moraes sobre penas do 8 de janeiro
Por Bela Megale / O GLOBO
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux comunicou que vai rever a pena de 14 anos proposta à cabeleireira Débora Rodrigues, que participou dos atos golpistas do 8 de janeiro. Fux não é o único integrante da corte incomodado com as penas aplicadas a alguns envolvidos nos ataques.
Outros ministros que não foram nomeados ao Supremo por Jair Bolsonaro chegaram a confidenciar a lideranças do centrão que gostariam de discutir um caminho para aplicar penas mais brandas para aqueles que não depredaram e não vandalizaram os prédios dos Três Poderes.
Ao falar sobre o tema, porém, os magistrados têm ponderado que o ministro Alexandre de Moraes, relator dos casos do 8 de janeiro, não dá espaço para qualquer conversa sobre a dosimetria das penas.
Mesmo com visão divergente daquela do relator, magistrados fazem a análise de que a tendência da corte é não se dividir sobre esse tema, para não confrontar Moraes publicamente. A ideia é evitar flancos de ataque ao STF, que já está pressionado pelos políticos bolsonaristas e parte da opinião pública.
Durante o julgamento da tentativa de golpe de Estado envolvendo Jair Bolsonaro e sete aliados, Luiz Fux afirmou que vai rever a pena proposta a Débora Rodrigues dos Santos. Ela ganhou notoriedade por ter pichado “perdeu, mané” na estátua da Justiça em frente à sede do STF.
A pena foi proposta pelo relator Alexandre de Moraes, que foi seguido pelo ministro Flávio Dino. O julgamento foi suspenso depois que Fux pediu vista para analisar o caso.