Busque abaixo o que você precisa!

Aliados de Roberto Cláudio articulam saída do PDT para Partido Liberal e União Brasil

Pedetistas aliados ao ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudioque deixou o partido nesta quinta-feira (29), já ensaiam um processo de desfiliação que pode promover uma nova baixa no diretório estadual. A movimentação envolve ao menos duas legendas como destino, o União Brasil e o Partido Liberal.

Uma vez confirmado o êxodo, o Partido Democrático Trabalhista poderá ter sua bancada na Assembleia Legislativa no Estado do Ceará (Alece) zerada antes da Eleição de 2026. Isso, porque os atuais quatro membros do grupo devem participar da debandada.

Ao que dizem interlocutores envolvidos no processo, os deputados estaduais Lucinildo Frota e Antônio Henrique devem ir para o Partido Liberal. Enquanto isso, os parlamentares Queiroz Filho Cláudio Pinho caminham para assinar a ficha de filiação do União Brasil, seguindo, possivelmente, o mesmo caminho de Roberto Cláudio - ainda não confirmado oficialmente pelo ex-prefeito.

A saída dos legisladores da Alece sem a perda do mandato só poderá acontecer a partir de março do próximo ano, com a janela partidária. Qualquer deslocamento antes do período só poderá ocorrer mediante carta de anuência — o que é vetado no Estatuto do PDT — ou por uma decisão na Justiça Eleitoral.

Em conversa com o Ponto Poder, na quinta, Lucinildo admitiu sua desfiliação da sigla brizolista. “Depois dessa saída do Roberto, eu vou sair”, indicou o político. “Só não vou poder sair agora por conta da janela, mas não ficarei no PDT. A tendência é eu ir para o PL”, sinalizou.

Durante a noite, após o anúncio de Roberto Cláudio, Cláudio Pinho também falou com a reportagem. Ele disse que vai “analisar ainda” qual seu destino. “Ele não conversou ainda com a gente, nem o Ciro (Gomes), nem o presidente André Figueiredo, para tomarmos uma decisão”, revelou.

No entendimento de Pinho, que é líder do PDT na Assembleia, “Roberto saiu em busca de um espaço, de uma segurança, que não está tendo no PDT”. O deputado admitiu que a desfiliação do ex-prefeito “balança o partido”, porque havia uma intenção em lançá-lo ao Governo do Estado no próximo ano, e os aliados estavam “trabalhando na formação da chapa do PDT”. 

Já Antônio Henrique esteve presente no jantar com o ex-presidente Jair Bolsonaro com apoiadores, em um restaurante no bairro do Meireles, na noite de quinta. Indagado sobre sua saída, o pedetista preferiu não comentar seu futuro político. 

O deputado Queiroz Filho também foi acionado, mas não emitiu nenhuma resposta até a publicação desta matéria. O conteúdo será atualizado caso haja uma devolutiva. 

Dissidência na Câmara de Fortaleza

Na Câmara Municipal de Fortaleza (CMFor), o cenário é de estabilidade, pelo menos para a maioria da bancada. Dos oito vereadores pedetistas, somente um, PP Cell, não está alinhado com o Governo Evandro, se coloca enquanto membro do bloco de oposição e deu indícios de que poderá sair do partido.

Apesar do desejo de sair e de um convite público do presidente municipal do PL, o deputado federal André Fernandes, PP Cell pontuou que não poderá sair da atual legenda no próximo ano. “Infelizmente não tem janela partidária para mim que sou vereador”, lamentou. Ontem, ele também acompanhou Bolsonaro em agenda na Capital e fez publicação na qual o chama de "meu líder".

Segundo ele, sua situação no PDT atualmente “está muito complicada” e “muito difícil”. “Hoje apoio um projeto, o PDT apoia outro, então não tem muito clima”, declarou, comparando com a situação de Roberto Cláudio e Ciro Gomes, ambos alinhados com o projeto político da oposição no Ceará. 

Gardel Rolim, apesar de próximo do ex-prefeito Roberto Cláudio, frisou sua permanência nas fileiras pedetistas. “Acompanho as últimas notícias da conjuntura política do Estado e afirmo que devo continuar no meu partido, o PDT, seguindo firme no trabalho na Câmara Municipal de Fortaleza representando nosso povo”, disse o político por meio de nota.

Raimundo Filho, mesmo lamentando a perda o ex-correligionário e considerando que, ao sair, deixará “uma grande lacuna”, ponderou que seguirá no PDT. 

Indagado, Luciano Girão não respondeu sobre uma possível desfiliação. Ele assentiu que hoje há uma “indefinição muito grande” na agremiação e atribuiu a despedida de Roberto Cláudio como a busca por um espaço e a intenção em dar “seguimento a um projeto”.

Pelas redes sociais, o vereador Adail Júnior reforçou alinhamento com o presidente estadual do PDT, André Figueiredo, e com o prefeito de Fortaleza, Evandro Leitão (PT).

Os vereadores Jânio Henrique, Marcel Colares e Paulo Martins foram contatados, mas não responderam aos questionamentos. O espaço segue aberto para eventuais manifestações.

Situação dos deputados federais

Em novembro de 2023, quando ainda era presidente do PDT Ceará, o senador Cid Gomes concedeu uma leva de cartas de anuência para pedetistas que queriam sair da sigla. Entre os partidários estavam quatro deputados federais: Eduardo Bismarck, Idilvan Alencar, Mauro Filho e Robério Monteiro.

Os documentos foram cancelados posteriormente pela Executiva nacional. E, desde então, não houve outras iniciativas dos deputados federais para deixar o diretório cearense. 

Nesta sexta-feira (30), ao PontoPoderEduardo Bismark tratou sobre sua possível desfiliação. “Meu compromisso com o PDT é que permanecerei no partido e acompanhando a liderança da bancada federal até a janela partidária”, discorreu.

Idilvan alegou que não avalia isso atualmente, que está dedicado ao trabalho à frente da Secretaria Municipal da Educação (SME) de Fortaleza, cargo que ocupa desde janeiro. “Só em 2026 que vou pensar sobre isso”, disse.

O presidente estadual do partido, o deputado federal André Figueiredo, comentou ontem sobre a saída de Roberto Cláudio e disse que "era esperada". Questionado se a saída do ex-prefeito poderia sinalizar novos desembarques, ele reforçou que não recebeu comunicado de nenhum outro correligionário, mas que considera que "talvez seja natural que, se não todos, alguns saíam". 

"Os deputados que o sigam, tem que obedecer ao período legal", disse em referência à janela partidária, que deve ocorrer apenas no início de 2026. "Mas não falaram nada", afirmou Figueiredo.

Os demais membros da bancada federal foram contatados. A matéria será atualizada se houver respostas.

DIARIONORDESTE/  Escrito por Bruno Leite eMarcos Moreira

ROBERTO CLAUDIO

 

Compartilhar Conteúdo

444