Busque abaixo o que você precisa!

Alckmin de Boulos

O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

Se levada a sério a versão petista de que o impeachment de Dilma Rousseff foi um golpe, Marta Suplicy, que agora retorna ao partido, esteve entre os golpistas de 2016.

Entretanto essa reviravolta não chega a causar espanto, dado que outro apoiador da deposição da ex-presidente, Geraldo Alckmin (PSB e ex-arquirrival tucano), hoje é nada menos que o vice de Luiz Inácio Lula da Silva.

Com o convite a Marta para compor a chapa de Guilherme Boulos (PSOL) na disputa pela prefeitura paulistana, Lula repete com o aliado o movimento que já fez mais de uma vez para suavizar a própria imagem e atrair eleitores moderados. Nessas ocasiões, o cálculo do cacique sempre prevalece sobre a cantilena dos liderados.

Boulos, que despontou na vida pública como apoiador de invasões de imóveis urbanos no Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), tornou-se a principal esperança da esquerda para retomar o comando da maior metrópole do país —cujo eleitorado, nos últimos dois pleitos, preferiu opções entre o centro e a direita.

Derrotado no segundo turno em 2020 e hoje deputado federal, ele tem se esforçado em evitar mostras de radicalismo. Nem sempre o faz de forma convincente, porém.

Mais recentemente, desgastou-se ao hesitar na condenação do Hamas pelo ataque terrorista a Israel, o que o levou a fazer um segundo discurso na Câmara para retificar seu posicionamento. Também teve de deixar de lado a defesa pública das greves de metroviários que atormentaram São Paulo.

Com origem na elite paulistana, passagem pelo MDB e, até terça (9), participação na gestão do prefeito emedebista Ricardo Nunes, Marta Suplicy proporciona o contraste planejado por Lula. Ademais, ex-ministra e ex-prefeita com aprovação em redutos relevantes da cidade, junta à chapa experiência administrativa que falta a Boulos.

Não há como prever o quanto isso resultará em votos, mas parece lógico supor que o candidato do PSOL pouco ou nada ganharia com um vice de perfil similar ao seu.

Mais incerto ainda —e mais importante— é o que a adesão poderá significar em termos programáticos. A busca por moderação e novas ideias se estenderá, em caso de vitória, às ações da prefeitura?

Nem o governo Lula oferece até aqui resposta clara a essa questão. O presidente demonstra compreender seus limites políticos e a necessidade de negociação com outras forças, mas iniciativas suas e a conduta de seu partido revelam o apego a teses que já deveriam ter sido sepultadas pelo aprendizado.

 

Compartilhar Conteúdo

444