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Políticos temem celulares, mas gravações podem ser feitas de outras formas, dizem especialistas Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/brasil/politicos-temem-celulares-mas-gravacoes-podem-ser-feitas-de-outras-formas-dizem-especialistas-1

RIO — O temor criado por gravações que municiaram delações premiadas fez com que o celular se tornasse malquisto nas reuniões em Brasília. É crescente o número de relatos de encontros entre políticos em que a entrada de smartphones foi proibida. Tirar o terno, para sinalizar que não carrega grampos, também faz parte do novo protocolo pós-Lava Jato. Porém, especialistas em espionagem advertem que as medidas são insuficientes.

— Se alguém quiser gravar, vai usar outro método além do celular — diz Juarez Falcão, diretor da Associação Brasileira dos Investigadores e Detetives Profissionais. — O gravador pode estar na gravata, no relógio, na caneta... Existem milhares de métodos para camuflar um microfone ou uma câmera.

O temor de grampos em conversas privadas se alastrou entre os políticos em Brasília depois que o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado gravou reuniões com a cúpula do PMDB, levando inclusive à exoneração de dois ministros do governo interino de Michel Temer: Romero Jucá (Planejamento) e Fabiano Silveira (Transparência).

Uma busca por “equipamentos de espionagem” no Google retorna milhares de ofertas. Canetas espiãs podem ser adquiridas por menos de R$ 100, dependendo do modelo.

CORDÃO PODE ESCONDER UMA CÂMERA

Lojas especializadas oferecem sistemas de gravação ainda mais camuflados. Uma gravata espiã custa pouco mais de R$ 200 e pode filmar por até duas horas, mesma capacidade do botão de camisa espião, que custa cerca de R$ 80. Entre relógios, são dezenas de modelos, com preços variados, da mesma forma que os chaveiros que gravam áudio e vídeo e tiram fotografias. Acessórios ainda menores, como um cordão, escondem câmeras.

Esquemas mais complexos de gravação podem envolver escutas que transmitem conversas num ambiente à distância. Um microfone minúsculo precisa apenas ser instalado na sala de reunião ou carregado no bolso da camisa. Eles fazem a transmissão do áudio por um chip de telefonia celular para um gravador que pode estar em qualquer lugar do planeta.

— O microfone pode ser colado embaixo de uma mesa. Ele liga para um número específico sempre que captar um som no ambiente — explica Falcão. — Há alguns do tamanho de uma moeda de dez centavos. Transmitem por FM. Podem ser escondidos em qualquer lugar.



Além das gravações in loco, especialistas alertam para modernas técnicas hackers que podem ser usadas para grampear ilegalmente smartphones dos políticos. É possível que um telefone infectado dê ao espião informações sobre a localização de uma pessoa, além de gravar as conversas em áudio, mensagens e e-mails.

— Nossos políticos não estão preparados — diz o detetive Bechara Jalkh. — Sabem que a Polícia Federal e o Ministério Público têm ordem judicial para grampear, mesmo assim vacilam.

O detetive indica táticas simples de contraespionagem para evitar gravações. O primeiro passo é a execução regular de varreduras em salas de reunião. Jalkh também recomenda o uso de geradores de interferência, que impedem gravações, e bloqueadores de sinal de celular, para evitar a comunicação externa.




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