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Insegurança alimentar atinge quase 40% dos lares no Norte e no Nordeste

Leonardo Vieceli / folha de sp

 

Quase 40% dos domicílios no Norte e no Nordeste registraram algum nível de insegurança alimentar (leve, moderada ou grave) em 2023.

As duas regiões são as mais afetadas pelo problema no Brasil, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (25) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

No Norte, 39,7% dos domicílios estavam em situação de insegurança alimentar no ano passado, enquanto o percentual relativo ao Nordeste foi de 38,8%.

 

As proporções superam com folga os resultados do Centro-Oeste (24,3%), do Sudeste (23%) e do Sul (16,6%). Nessas três regiões, os percentuais de domicílios com insegurança alimentar ficaram abaixo da média brasileira em 2023 (27,6%).

Os dados divulgados pelo IBGE integram a Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua).

As proporções de lares com insegurança alimentar caíram no país e nas cinco grandes regiões em 2023, se comparadas com os números da pesquisa do órgão que havia investigado o tema pela última vez, a POF (Pesquisa de Orçamentos Familiares) 2017-2018.

À época, os percentuais eram de 57% no Norte, de 50,3% no Nordeste, de 35,2% no Centro-Oeste, de 31,2% no Sudeste e de 20,7% no Sul. A média brasileira estava em 36,7% na ocasião.

Apesar de os levantamentos serem diferentes, os resultados podem ser analisados em conjunto porque seguem a mesma metodologia, segundo o instituto.

O IBGE diz que utilizou critérios da Ebia (Escala Brasileira de Insegurança Alimentar) para identificar os domicílios em condição de insegurança alimentar.

O órgão não pesquisou o tema no intervalo entre a POF 2017-2018 e a Pnad 2023. Durante esse vácuo, o país amargou os efeitos da pandemia de Covid-19.

Com a crise, famílias perderam renda e sentiram a disparada dos preços dos alimentos. Cenas de brasileiros em busca de doações e até de restos de comida ganharam evidência à época.

Apesar da queda ante a POF 2017-2018, os percentuais de domicílios com insegurança alimentar em 2023 ainda superaram os verificados na Pnad de dez anos antes.

Na pesquisa relativa a 2013, as proporções estavam em 36,1% no Norte, em 38,1% no Nordeste, em 18,2% no Centro-Oeste, em 14,5% no Sudeste e em 14,9% no Sul. A média nacional era de 22,6% à época.

O QUE É INSEGURANÇA ALIMENTAR?

Os critérios adotados pelo IBGE dividem os lares em três categorias de insegurança alimentar: leve, moderada e grave. O fenômeno não pode ser usado como sinônimo direto para fome, de acordo com o órgão.

A insegurança alimentar leve envolve a preocupação ou a incerteza quanto ao acesso aos alimentos no futuro. Nessa condição, a qualidade da alimentação pode ser afetada para não comprometer a quantidade.

No grau moderado, há redução quantitativa de comida entre adultos e/ou ruptura nos padrões de alimentação.

Já nos domicílios com insegurança alimentar grave, a restrição da quantidade de alimentos também afeta as crianças, quando estão presentes. A ruptura nos padrões de alimentação resultante da falta de alimentos atinge todos os moradores, incluindo os mais jovens. Nessa situação, a fome passa a ser uma experiência vivida no domicílio, diz o IBGE.

PERCENTUAL É DE QUASE 50% EM SERGIPE

A análise dos números estaduais reforça que a insegurança alimentar é mais presente nas regiões Norte e Nordeste.

Em 2023, o maior percentual de domicílios nessa condição foi verificado em Sergipe: 49,2%. Ou seja, quase metade dos lares locais registrava algum nível do problema.

Pará (47,7%), Maranhão (43,6%), Amazonas (42,6%) e Piauí (42%) vieram na sequência.

Na outra ponta da lista, os menores patamares foram registrados por Santa Catarina (11,2%), Paraná (17,9%), Rio Grande do Sul (18,7%), Rondônia (20%) e Espírito Santo (20,8%).

 

 

Considerando somente os níveis moderado e grave de insegurança alimentar, a proporção de domicílios atingidos foi de 9,4% no Brasil em 2023.

Pará é o estado com o maior percentual de lares nessas condições: 20,3% –o equivalente a 1 em cada 5 endereços. Sergipe (18,7%) e Amapá (18,6%) vêm em seguida.

Por outro lado, os menores patamares de domicílios com insegurança alimentar moderada ou grave estavam em Santa Catarina (3,1%) e Paraná (4,8%). Espírito Santo (5,1%) e Rondônia (5,1%), empatados, apareceram depois.

O IBGE também apontou que as proporções de lares com insegurança alimentar moderada ou grave nas regiões Norte (16%) e Nordeste (14,8%) foram bem superiores às do Centro-Oeste (7,9%), do Sudeste (6,7%) e do Sul (4,7%).

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