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O erro recorrente do presidente Lula de se queixar da preocupação com o gasto público

Por Míriam Leitão / O GLOBO

 

O presidente Lulavoltou a se queixar nesta terça-feira, durante café com jornalistas, que "o problema é que tudo no Brasil é tratado como gasto". Essa é uma velha queixa do presidente que defende a existência de outra rubrica onde fiquem computados os gastos que têm mérito, que ele classifica como investimento, como os recursos destinados à educação. Mas investimento é diferente de gasto? Não, investimento não é diferente de gasto, é gasto também. O que pode haver de diferente é a forma, o gasto de qualidade, bem feito e que aumente a produtividade da economia, leve a maior eficiência e ao crescimento do país.

 

Chamar de investimento não significa que aplicação de recursos tenha todas essas qualidades. Há os ditos investimentos que também se traduzem em desperdício dos recursos públicos, caso de obras inacabadas ou mal feitas, por exemplo. Então, gasto é gasto. A preocupação do presidente Lula deveria ser a eficiência do gasto público, isso é o que importa.

 

No entanto, ele erra ao falar que no Brasil só superávit primário é visto como investimento. Superávit primário evidentemente não é investimento, é o resultado positivo de todas as receitas e despesas do governo, o que se faz exatamente para evitar o crescimento da dívida pública. A dívida pública precisa ficar sob controle, afinal todos os brasileiros são dela credores. Não se pode ter um descontrole nessa dívida sem atingir a poupança dos brasileiros, as economias das empresas e das pessoas. É desse equilíbrio sobre o qual a gente fala o tempo todo.

 

Não existe essa dicotomia bem e mal na economia, tanto no gasto, quanto no investimento, quanto nos juros. Esse é apenas um discurso político. Nesta terça-feira, o presidente voltou a falar que só mercado ganha com os juros altos, mas todos que têm aplicação se beneficiam. Nem por isso se defende que os juros se mantenham altos no Brasil. Juros menores são importantes para o país crescer. No entanto, a Selic precisa ficar mais baixa sem ameaçar a inflação. E, nesse momento, a inflação está baixa e há espaço para os juros podem caírem.

 

Há uma discussão sobre até onde vai essa curva de corte, o Boletim Focus já indica uma taxa mais alta ao fim deste ano. A situação internacional ficou mais difícil realmente, então talvez a Selic caia menos, mas o fato é que os juros ainda estão muito altos no Brasil.

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